A manifestação convocada pelo Movimento Independentista de Cabinda (MIC) para o dia da independência de Angola foi frustrada pelas autoridades. Houve repressão policial e pelo menos dois ativistas foram detidos.
O MIC convocou uma manifestação para quinta-feira (11.11), dia em que se assinala a independência de Angola, para despertar as pessoas no exterior e, sobretudo, a população no enclave para a detenção de membros do movimento, detidos na primeira quinzena de outubro por causa da campanha “porta a porta” de não adesão ao registo eleitoral oficioso. Desde então, não houve qualquer reação para a libertação dos mesmos.
A manifestação de quinta-feira estava prevista para acontecer no largo Primeiro de Maio, na cidade de Cabinda, mas os manifestantes nem sequer conseguiram deslocar-se até ao local e pelo menos duas pessoas foram detidas pela polícia em suas próprias residências, segundo avança a organização da marcha.
José Pedro Diogo, porta-voz do MIC, lamenta que mais ativistas tenham sido detidos, depois de já terem dois sob custódia da polícia fruto da situação anterior sobre a campanha levada a cabo pelos membros do MIC de não adesão ao registo eleitoral.
“Neste momento foram detidas duas pessoas; Gabriel Bembe e Natalício Cuti. Estes foram detidos na sua própria residência. Eles estão a invadir casas”, lamenta.
Polícia antecipou-se
Pedro Diogo diz que os ativistas não foram a tempo de se manifestar, pois a polícia já estava a antecipar para detê-los nas suas próprias casas. “Quando chegaram, os seguranças deram conta de que já estavam escondidos nas residências.”
A manifestação pacífica planeada para quinta-feira pretendia exigir ainda a realização do referendo sobre a autodeterminação sobre Cabinda.
Um membro afeto à organização disse à DW África que não participou na manifestação com medo de ser detido pela polícia. “Não houve essa possibilidade de manifestação. Na verdade, houve muitos detidos.”
Ainda de acordo com a mesma fonte, no local programado para a manifestação existiam pessoas que se faziam de manifestantes e que, no final, eram pessoas bem direcionadas, com o objetivo de deter pessoas que lá fossem para manifestar.
A polícia não se pronunciou sobre as acusações do Movimento Independentista de Cabinda.