spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Angola: “Os quatro anos da inapta e desastrosa gestão do País por João Lourenço” – Hilária Vianeke

Governar um País não é tarefa facil e nem tão pouco é trabalho para qualquer um. É necessário, para além de sabedoria, humanidade e amor ao País que se quer governar. Nos últimos quatro anos do mandato do cidadão João (Manuel Gonçalves) Lourenço, tivemos uma governação desastrosa. Nos pontos que se seguem procuraremos fazer uma análise do período em epígrafe.

Ponto Um: Corrigir o que está mal e melhorar o que está bem é um emblemático (grito de despedida) ou slogan de José Eduardo dos Santos que João Lourenço e os “sus muchachos” mal interpretaram e não conseguiram materializar.

Ponto Dois: Há quatro anos que o MPLA (com o cidadão João Lourenço ao leme) tentou convencer a população angolana, que, apesar dos vários anos de fracassos governativos, ainda podia fazer um milagre e salvar o sofrido cidadão angolano. Ledo engano! Durante a campanha eleitoral, embandeiraram a luta contra a corrupção e a impunidade. O povo caiu de patinhas, aplaudiu o projecto de intenção da luta e supostamente elegeu os proponentes. Resultado, João Lourenço foi eleito presidente pela lista (que ele não fez, ou melhor, feita por José Eduardo dos Santos). Assumido o poder, o cidadão João Lourenço, muito rapidamente irritou-se com o autor da lista. Aí entra em cena a maka da bicefalia (presidente do partido versus Presidente da República). No MPLA nunca souberam dialogar (as revoltas Activa, do Leste, o 27 de Maio são disso grande exemplo).

Ponto Três: Avesso ao diálogo e ao consenso, o cidadão João Lourenço fez das tripas coração para ter o poder absoluto apeando o presidente emérito e seu mestre – Sr José Eduardo dos Santos. Acto continuo, separou os militantes do MPLA em os do bem e os do mal (onde se incluem os marimbondos e avarentos). Pura sacanagem! Pois ele não só comeu do mesmo prato, como lambuzou-se durante o longejo e farto banquete). Eu que vivi no interior de Angola, na Kalomanda do meu Huambo ancestral, quando criança, sei que as vespas (marimbondos ou alimbondo) não se ferram umas as outras. Só mesmo o cidadão João Lourenço para ferrar os outros (seus camaradas de banquete).

Ponto Quatro: Diga-se em abono da verdade que a “vitória” do cidadão João Lourenço veio carregada de muitas esperanças para aqueles angolanos e angolanas que ainda acreditavam que dentro de um saco de batatas podres, podia haver alguma em bom estado. Presenciaram-se vários actos lindos, autênticos contos de fadas, que nos faziam pensar que alguma coisa realmente havia mudado no nosso País. Destaco as conferências de imprensa, amplamente divulgadas, nas quais um dos jornalistas, entusiamado e a nadar na ilusão de um País novo e são, não hesitou em perguntar: ¨Está a gostar de ser nosso Presidente?¨ Tudo foi sol de pouca dura. Puro jajão. Um varrer o lixo para debaixo do tapete ou esconder os problemas da canalização de casa para o comprador (recordando os “sábios” conselhos do pupilo do cidadão João Lourenço, o ministro Macy Lopes). Não se pode combater a corrupção com falta de integridade e desonestidade.

Ponto Quinto: Como um sonho, o País aplaudiu a transladação (desde África do Sul) e funeral do General Arlindo Tchenda Pena (Ben Ben), bem como a entrega (apesar de algumas tristes palhaçadas do General Pedro Sebastião) das ossadas do presidente-fundador da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi, para que os seus familiares e o seu partido pudessem fazer um enterro condigno na sua Lopitanga ancestral. Belo gesto, peca por ser tardio, do Governo angolano mas que indubitavelmente contribui para unidade e reconciliação nacionais. Parabéns, cidadão João Lourenço!

Ponto Sexto: Ainda na senda dos esforços de reconciliação nacional vai um louvor ao cidadão João Lourenço por iniciar o debate sobre os angolanos e as angolanas assassinadas no dia 27 de Maio e nos dias subsequentes. Entretanto, a simples entrega dos boletins de óbitos sem a reposição da verdade dos factos e da dignidade dos mortos cheira a uma manobra política oportunista. A reconciliação e unidade nacionais precisam assentar somente sobre a verdade. Caro cidadão João Lourenço, tem faltado coragem política para tratar com dignidade e verdade esse processo. Muitos dos assassínos implicados nos acontecimentos de 27 de Maio andam entre nós, são conhecidos, vivem vidas largas, e em nenhum momento penitenciaram-se. Não existe Justiça sem verdade. Não existe reparação sem a verdade.

Ponto Sétimo: Sobre a verdade na reparação (na reconciliação nacional). Aconteceu a tão esperadas entrega dos restos mortais dos dirigentes da UNITA assassinados, em Luanda, depois da realização das primeiras eleições multipartidárias em 1992. O timing escolhido para o efeito foi calculista e político. Repugnante. O Governo não respeitou a dor dos familiares ao politizar o acto. Vale realçar ou relembrar que quando os dirigentes foram assassinados (seus corpos guardados), eles tinham cabeça, tronco e membros. 29 anos depois, o governo entrega um fémur de fulano, clavícula do sicrano e a tíbia do beltrano e declara com a maior cara de pau e solenidade que entregou os restos mortais. E os outros ossos? As famílias cansadas de sofrer e chorar, não podendo fazer nada, vergam-se e pousam para fotografia do sórdido marketing político. Uma reconciliação sem verdade, não é reconciliação. Um perdão sem verdade, não é perdão.

Ponto Oito: A liberdade de manifestações e reuniões conheceu alguma melhoria. Não recordamos na nossa história político-social que os jovens saíssem às ruas, em todo País, a expressar o seu descontentamento. Apesar de alguns precalços, estes actos têm corrido de maneira pacífica e ordeira (não nos esquecemos do jovem Inocêncio de Matos morto pela Polícia Nacional, a detenção da menor de idade Florence Afonso, em Benguela, e o sequestro de jovens manifestantes). Por outro lado, os órgãos de comunicação social públicos (pagos com os dinheiros de todos os angolanos) estão sequestrados pelo MPLA, chefiado pelo cidadão João Lourenço. Não há pluralidade de informação. O Jornal de Angola, a Televisão Pública de Angola, a Rádio Nacional de Angola e as demais televisões arrestadas/nacionalizadas são meios de propaganda do MPLA. Desta feita, o louvor que o cidadão João Lourenço poderia merecer, neste ponto, é liminarmente anulado.

Ponto Nono: O desnorte ou a falta de noção não tem tido limites. Ora vejamos! O cúmulo do absurdo do bairro dos ministérios. A luxuosa clínica do camarada presidente. O ginásio para os deputados (treinarem a arte de levantar as mãos, de não dormitarem nas plenárias e de não fingirem passar milagrosamente as mãos pelo teclado). O metro de superficie para nossa Luanda que inunda sempre que chove, onde a energia funciona qual um pirilampo (acende e apaga a todo tempo) e a atabalhoada divisão político-administrativa do nosso País. Todos estes projectos, mal pensados e não prioritários, certamente já gastaram, ao Estado angolano, rios de dinheiro em consultoria e planeamento. Ao longo do mandato percebeu-se claramente que o cidadão João Lourenço não sabia o que andava a fazer, pior do que isso, não sabia as reais e prementes necessidades do povo que ele dirigia. Consequentemente, não estabelecia prioridades.

Ponto Décimo: O combate contra a corrupção e impunidade resumiu-se na feroz perseguição política e económica a familiares e colaboradores de José Eduardo dos Santos. Não houve uma estratégia e plano que visasse a protecção do interesse nacional. Os activos supostamente recuperados levaram para o desemprego milhares de cidadãos e em muito pouco tempo desvalorizaram abruptamente. E agora vai-se sabendo, pela boca pequena, que estão a ser entregues a interesses ligados à nova elite Lourencista. Ou seja é um autêntico déjà vu! A contratação pública continua a ser simplificada, significando, que o cidadão João Lourenço vai dando os maiores negócios a pessoas da conveniência dele, replicando deste modo o que o seu mestre José Eduardo dos Santos fazia. Ainda sobre a farsa da luta contra a corrupção, neste flash back, recordamos o ponto de ordem do general Francisco Higino Lopes Carneiro. Este militar e político, quando apertado pela PGR, mandou um vibrante lembrete ao cidadão João Lourenço (os dinheiros que suportaram a campanha que o elegeu não haviam caído do céu, aliás, era uma matéria que o próprio caçador de bruxas dominava). O cidadão João Lourenço, depois de lhe estremecerem, deixou de querer “fatigar” o puro militar. Tudo ficou em águas de kakussu para não dizer em águas de bacalhau.

Ponto Décimo Primeiro: A Justiça está no sovaco do Presidente da República, o cidadão João Lourenço. Não bastou correr com o cidadão José Eduardo dos Santos e cafricar alguns dos seus colaboradores. O cidadão João Lourenço em quatro anos mudou constantemente os governadores de Luanda, os ministros e os presidentes do Tribunal Constitucional (a actual é uma advogada e, até à data da nomeação, membro do Bureau Político do MPLA). Já o tribunal Supremo, o tenente coronel na reforma foi promovido ao grau militar de brigadeiro e nomeado presidente do mesmo. Os magistrados também têm Direito à habitação e a automóveis para uso pessoal (provavelmente os únicos na função pública). Os médicos que estão a combater a malária e a Covid19 (só para citar alguns desta importante classe) estão a ver navios. Os professores que formam todos os profissionais de uma sociedade não são tidos e nem achados. Para o cidadão João Lourenço interessa “mimar” os operadores de Justiça como forma de exercer o controlo absoluto.

Ponto Décimo Segundo: A alteração da Constituição e das leis para servir os desígnios pessoais. Em ambiente pré-eleitoral o cidadão João Lourenço mexeu na Carta Magna, fintou a diáspora (sedenta de um círculo independente e do exercício do direito de voto), simulou não promulgar o que ele sempre quis promulgar, passe o pleonasmo. No final, feitas as contas no tabuleiro de xadrez, tudo saiu-lhe a contento, pois é ele quem tem o poder absoluto.

A Angola nossa terra-mãe continua sendo um País da candonga, da mixa e das falácias. O povo anda cansado de ser enganado. O povo olha estupefacto a inacção da Procuradoria Geral da República (PGR) e da Polícia Nacional, diante das atrozes violaçoes de crianças em Benguela (quiça um pouco por todo o País), por parte de cidadãos de nacionalidade chinesa.

O País continua adiado e cada vez mais empobrecido produto das péssimas políticas económicas (o cidadão João Lourenço não teve a humildade de ouvir a tia Filomena de Oliveira. Afinal era mesmo surdo e não ouve ninguém), a inflação é galopante e, consequentemente, o preço da cesta básica disparou, levando com que milhares de pessoas acorram aos contentores de lixo para poderem alimentar-se e que outras morrem de fome silenciosamente, num País com um Governo cujos membros gastam milhões nas suas deslocações e estadas no exterior, de onde pouco ou nada trazem, visto que a velha ladainha é bem sabida pelos investidores. Um mau gestor dificilmente atrai um bom investidor.

O cidadão João Lourenço, lá no início do seu mandato, apresentou um Governo magro, mas os ministros foram saindo e entrando. Nós que entendemos pouco do que é ser chefe, ficamos com a noção de que o Sr Presidente, o cidadão João Lourenço não sabia o que queria e quem era a pessoa certa para desempenhar determinada função. O Chefe nomeiava e exonerava. Exonerava e nomeiava. Notamos-lhe um padrão: o que fazia com as pessoas, também, acontecia com os mega-projectos.

Antigamente a culpa do DESGOVERNO era a guerra e (Jonas) Savimbi. Depois o MPLA mudou de líder. O Sr João Lourenço não fez senão, seguindo a mesma lógica, deitar a culpa aos marimbondos (presidente emérito José Eduardo, seus familiares e algures colaboradores). Alguém tem que ser o culpado nem que seja a chuva. Hoje o culpado é sr José Eduardo dos Santos. Todavia, a corrupção pequena e grande continuam. Os ministros, governadores e etc continuam a fazer negócios com eles próprios. O discurso político é de prepotência e arrogância. A Justiça é selectiva e de certa forma injusta. O grande reformador é afinal de contas um vingador e incompetente. O VIII Congresso do MPLA não trouxe nada de novo. Um partido que não se abre à democracia não está capacitado para conviver na diferença de opiniões. A sociedade angolana fazia gosto de ver o Eng António Venâncio a disputar a liderança em pé de igualdade com o Sr João Lourenço e com isso alicerçarem-se as bases para uma Angola verdadeiramente democrática. O Sr João Lourenço pura e simplesmente bloqueiou o concidadão e militante de fino quilate. Em suma, os quatro anos voaram. O MPLA quase nada fez. Estes últimos meses vê-mo-lo, atrapalhado, para mostrar serviço concluindo umas poucas obras e oferecendo isso e aquilo na esperança de que, como em 2017, possa dar mais outro jajão ao povo. Balumukenu! Acordem! Passuki! A corrupção não pode combater a corrupção!

 

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Destaque

Artigos relacionados