O grupo parlamentar da UNITA, maior partido da oposição angolana, condenou veementemente os atos de violência ocorridos hoje em Luanda, na sequência da greve de taxistas, marcada por destruições de bens públicos e privados.
Numa nota, o grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) disse que constata com enorme preocupação o agravamento da crise económica e social no país, com o registo de mortes por forme, elevados índices de miséria extrema, desnutrição, criminalidade, prostituição e violência doméstica, resultantes do fracasso das políticas públicas que têm obrigado os cidadãos, individual e coletivamente, a protestarem.
A preocupação é acrescida, sublinha o grupo parlamentar da UNITA na nota, por constatar “insensibilidade do executivo em dialogar com representantes legítimos de distintas classes de trabalhadores e a incapacidade de implementação de medidas de políticas com impacto direto na vida do cidadão, das famílias e das empresas”.
Segundo o grupo parlamentar da UNITA, esta “insensibilidade” das autoridades “tem gerado o crescente movimento grevista, atingindo os médicos, enfermeiros, professores universitários, oficiais de justiça, trabalhadores da EPAL, ENDE [empresas de distribuição de água e energia] e o mais recente dos taxistas”, cuja paralisação destes últimos gerou hoje “atos de violência nalgumas artérias da cidade de Luanda”.
“O grupo parlamentar da UNITA condena veementemente estes atos de violência que em nada ajudam a resolver as reivindicações em curso e apela para que se corrija a postura de indiferença dos gestores das instituições, cuja morosidade nas respostas tem levado à saturação dos afetados, o que agrava a sua condição social e consequentemente a estabilidade socioeconómica do país”, refere o documento.
De acordo com a nota, numa altura em que o país se prepara para celebrar 20 anos do calar das armas e espera realizar as quintas eleições gerais, é urgente que se resolvam pela via do diálogo construtivo e abrangente os problemas básicos que afligem os cidadãos e que condicionam a paz social e a paz política.
“O grupo parlamentar da UNITA insta as entidades que tutelam os setores hoje em greve a abrirem-se ao diálogo e à concertação, única via capaz de ajudar a resolver as preocupações das classes socioprofissionais”, realça a nota.
O documento sublinhou que “a presente crise social vem mais uma vez provar que as prioridades do Governo e as opções políticas expressas no OGE2022 [Orçamento Geral do Estado para 2022] estão equivocadas e distantes dos principais desígnios nacionais”.
Na sequência de uma greve de taxistas iniciada hoje em Luanda, um grupo de cidadãos ateou fogo a um autocarro, destruiu a sede do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, no Benfica, além de ter impedido por mais de duas horas a circulação do trânsito naquela zona.
A polícia anunciou a detenção de 17 indivíduos suspeitos de envolvimento nestes atos, que deverão ser presentes nas próximas horas ao Ministério Público.