O Presidente angolano inaugurou hoje o centro tecnológico Digital.AO, infraestrutura orçada em 1,3 mil milhões de kwanzas (2,1 milhões de euros), destacando que é uma oportunidade de formação e de inserção no mercado de trabalho para a juventude.
Em declarações aos jornalistas após a inauguração, João Lourenço salientou que aquele espaço vai ajudar “mais facilmente” os jovens angolanos a serem absorvidos pelo mercado de trabalho, mas também a “desenvolverem os seus próprios negócios, serem independentes e não ficarem à espera de um empregador”.
“A meu ver, este é o aspeto mais importante do que se consegue alcançar aqui com este centro”, sublinhou.
O chefe de Estado angolano avançou que já existe um projeto do género na província do Uíje, de menor dimensão, e pretende-se que “sempre que possível” se estendam projetos idênticos em outros pontos do país, numa dimensão regional.
O Presidente angolano apelou à juventude para o bom uso das tecnologias de informação e àqueles que fazem mau uso para se absterem dessas práticas.
“Há quem as use bem, há quem as use mal, o nosso apelo é que as usem sempre bem”, referiu João Lourenço, acrescentando que para quem faça mau uso “se abstenham das práticas que têm vindo a realizar até aqui e que utilizem esses instrumentos, esse conhecimento, que acabam por adquirir, ao serviço deles próprios, das suas famílias e da sociedade”.
Por seu lado, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, disse que a infraestrutura teve as suas obras iniciadas em 2016, entretanto paralisadas por razões financeiras e retomadas em 2019, com recursos próprios do setor e do tesouro público.
A obra teve um custo final de construção e apetrechamento orçado em cerca de 1,3 mil milhões de kwanzas (2,1 milhões de euros).
Manuel Homem sublinhou que o Digital.AO tem como objetivo facilitar a transformação de ideias inovadoras de jovens angolanos em negócios concretos e sustentáveis.
Segundo o ministro, a infraestrutura está apetrechada com equipamentos de tecnologias de informação e telecomunicações “capazes de responder às suas necessidades”.
O edifício localizado no distrito urbano do Rangel, na província de Luanda, capital de Angola, congrega três pisos, com diversos compartimentos, que se distribuem por seis salas de ‘startups’ com capacidade para albergar em simultâneo cerca de 25 empreendedores, 12 espaços multifuncionais para ‘co-working’, sala de reunião, videoconferência, formação, capacitação e treinamento de certificação internacional.
A infraestrutura comporta igualmente um auditório, um laboratório para capacitação em eletrónica, analógica, digital e robótica, além de outros serviços digitais, dos quais se destaca o registo de domínios ponto AO, a fábrica de software, a hospedagem de páginas web e correio de e-mail corporativo, incubadora, mentoria e acompanhamento de ‘startups’.
O governante angolano frisou que foram igualmente reequipados no centro de formação de telecomunicações os laboratórios de formação para a montagem e instalação de câmaras de videovigilância, de capacitação para a reparação, manutenção e configuração de computadores, impressoras e telemóveis, de capacitação em testes e emendas de cabos de fibra ótica, de formação em montagem de antenas e sistemas de transmissão via satélite, especialização da Cisco e da Huawei em configuração.
Os utentes daquela infraestrutura poderão igualmente usufruir de formação na área do desenho e instalação de redes de computadores, da configuração e instalação de centrais telefónicas, de capacitação para o desenvolvimento e produção de conteúdos multimédia, de design gráfico, marketing digital e gestão de redes sociais.
“O espaço que hoje apresentamos não nasce isoladamente, mas é parte da estratégia para a massificação e inclusão digital de médio e longo prazos em todo o território nacional, envolvendo vários setores e personalidades da sociedade, onde diversos programas e projetos estão a gerar mais valorização das TIC, aumento da literacia digital e tecnológica, melhoria da qualificação profissional, aumento da competitividade empresarial e oferta melhorada de produtos e serviços eletrónicos”, disse.
O ministro salientou que foram atribuídas bolsas de profissionalização geralmente abrangendo jovens com fraca capacidade financeira, tendo sido formadas e capacitadas, nos últimos quatro anos, em diversas áreas técnicas e tecnológicas, perto de 10.000 pessoas.