A CASA-CE anunciou, na semana passada, uma rotura total com o Bloco Democrático. Analistas dizem que a decisão era “previsível”, desde que o partido anunciou a formação da Frente Patriótica Unida.
Depois da rotura anunciada pela Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), há grandes incertezas quanto ao futuro do Bloco Democrático (BD), um dos partidos integrantes na segunda maior força política da oposição angolana.
O politólogo Agostinho Sicatu diz tratar-se de uma “situação complicada” de prever.
“Porque os partidos só deixam as coligações no final das legislaturas. O Bloco Democrático faz parte da CASA-CE e a CASA-CE é uma coligação eleitoral. A sua saída deveria acontecer apenas no final da legislatura”, explica.
Tendo em conta outros possíveis cenários em que se poderá encontrar o partido, o analista Sicatu questiona:
“O deputado eleito pela CASA-CE, mas pertencente ao Bloco Democrático durante esse período até agosto [altura das eleições gerais], qual será o seu posicionamento? Dissocia-se da CASA-CE? Passa a independente? Como vai funcionar?”
Caminhar sozinho?
O Bloco Democrático é um dos partidos integrantes da Frente Patriótica Unida (FPU), juntamente com a UNITA e o projeto político PRAJA-Servir Angola, de Abel Chivukuvuku.
Em Angola questiona-se, por exemplo, se o Bloco Democrático poderá caminhar sozinho na eventualidade da FPU perder toda a relevância, como desconfiam alguns observadores.
Agostinho Sicatu acredita que o partido tem futuro, mas os obstáculos serão grandes.
“Pode sim, caminhar sozinho, mas terá dificuldades. Nós temos no país partidos políticos com características de massa. E o Bloco Democrático não é um partido de massa”, considera, explicando que o BD atrai as elites.
O jornalista e analista angolano Ilídio Manuel afirma que é cedo para dizer o que será do Bloco Democrático.
“Se não for admitido que concorra às próximas eleições e não consiga assegurar a sua manutenção como formação política, é claro que (o seu futuro) é uma incógnita”.
O Bloco Democrático recusa-se a comentar.
Decisão “previsível”
À DW África, Ilídio Manuel afirma que a decisão, na semana passada, da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) de expulsar os bloquistas, era previsível.
“Tudo apontava que o Bloco Democrático seria empurrado da CASA-CE, uma vez que, essa formação política havia anunciado a sua intenção de formar a Frente Patriótica Unida. E é natural que a CASA-CE tenha sofrido mesmo pressões nesse sentido”, justifica.
Manuel Pinheiro, jurista e constitucionalista, diz que a decisão da CASA-CE tem “toda a legitimidade, uma vez que é necessário que exista a liberdade de filiação em termos de coligação e também de filiação única. Há uma ideia de que o Bloco Democrático pretende a Frente Patriótica Unida como uma espécie de incorporação”.