Assinalam-se esta terça-feira, 22 de fevereiro, os 20 anos da morte de Jonas Malheiro Savimbi, fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). O líder do maior partido da oposição morreu em combate nas chanas do Leste, no Moxico, onde esteve enterrado até 2019, ocasião em que os restos mortais foram exumados, entregues à família e à UNITA e sepultados na sua terra natal, Lopitanga.
“Quem trouxe o pensamento da democracia no país foi Jonas Savimbi. Nós continuamos agora a andar sobre os ditames daquilo que foi o seu pensamento filosófico”, afirma Joaquim Lutambi, vice-presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos em Luanda.
“Mas também estamos a falar da valorização de África. Por isso é que, numa das suas intervenções, Savimbi vai dizer que a nossa luta deve ser, primeiro, para o desenvolvimento de Angola e depois os países africanos”, acrescenta.
Savimbi deve ser “imortalizado”
O nome de Savimbi também esteve envolto em controvérsias. Ainda na semana passada, familiares de membros da UNITA assassinados supostamente por ordem de Savimbi lembraram que estão à espera do esclarecimento desses casos e de um pedido de desculpas.
O politólogo Joaquim Ernesto salienta, porém, que Jonas Malheiro Savimbi é uma figura incontornável na história de Angola, que tem de ser valorizada. “O que tem que se fazer é, na verdade imortalizar o Dr. Jonas Savimbi, a história deve-se repor”, sublinha. ”
“Eu não consigo perceber como é possível diabolizar Jonas Savimbi. De certa maneira, ele deve constar nos programas curriculares, nos programas de ensino e aprendizagem como aquela pessoa que fez parte da galeria dos que se debateram pela independência desta Angola”, defende o analista.
O ativista João Mateus, mais conhecido por “Jonh MC”, considera que o líder histórico da UNITA defendia os melhores interesses dos angolanos e tinha mão no partido: “Conseguimos perceber que Malheiro Savimbi foi mais rígido”, afirma.
A UNITA, continua, tinha mais expressão do que hoje: “Acredito que poderíamos ficar um pouquinho mais descansados, porque tínhamos uma oposição, estamos a falar concretamente de um líder que conhecia direitos e estatutos orgânicos do partido”.
Metamorfose rumo às eleições
Mas o maior partido da oposição passou recentemente por uma metamorfose. A UNITA pretende concorrer às eleições gerais deste ano aliada a outras formações políticas, na Frente Patriótica Unida. A plataforma quer pôr fim ao “reinado” do MPLA dos últimos 46 anos.
A caminho das quintas eleições no país, o secretário da UNITA no Cuanza Norte, Francisco Falua, diz que o seu partido continua a inspirar-se nos ideais e objetivos de Jonas Savimbi, “uma verdade incontornável”.
“O legado que nos deixa leva-nos à busca do alcance dos seus objetivos, entre eles a efetivação da democracia e a justiça social. Savimbi hoje está presente como uma realidade patente na mente de qualquer angolano honesto, pois muitas das suas profecias hoje vivem e convivem connosco”, considera.
Se Jonas Malheiro Savimbi fosse vivo, completaria esta terça-feira 88 anos de idade.
O “incontornável” Jonas Savimbi morreu há 20 anos
Ativistas e políticos elogiam o papel do líder fundador da UNITA para a democracia no país. Jonas Savimbi foi morto em combate a 22 de fevereiro de 2002.