Mais de cinco mil camponeses “desalojados à força” das suas terras na região da Quiminha, arredores de Luanda, exigem do Governo o retorno às suas lavras e a responsabilização dos actores da agressão ao seu responsável que, como resultado, terá perdido a visão. Eles foram expulsos por gestores da Gesterra, uma empresa de capitais públicos responsável pela gestão das terras aráveis.
Integrantes de cinco cooperativas agrícolas, os camponeses dizem ter sido expulsos há 10 anos, “sem uma indemnização condigna”, por antigos gestores da Gesterra, uma empresa de capitais públicos responsável pela gestão das terras aráveis.
Os lesados acusam a Administração do município de Catete de, alegadamente, se recusar a passar títulos de propriedade dos terrenos em causa, a favor da comunidade e de os ter forçado a viver numa zona imprópria para a prática agrícola.
“Vieram com a polícia militar e a polícia normal e começaram a invadir as lavras da população., enterraram as casas e destruíram as lavras de mandioca”, recorda o co-fundador da cooperativa “Mbanza Yetu”, Domingos Matias, em conversa com a VOA, o drama vivido no dia da expulsão.
Angelina Manuel da Silva, 52 anos, secretária da cooperativa, também contou à VOA as peripécias por que passa a comunidade para poder sobreviver numa região inóspita onde afirma faltar de quase tudo.
“Vivemos em casas feitas de chapas de zinco, não temos energia , nem água, nem escola para as nossas crianças ou hospital”. “Pedimos ao Governo, mas nem água vem, nem água”, relatou.
Entretanto, o activista da Associação SOS Habitat, Pimentel Pacheco assegurou, à VOA, que a sua organização continua a “capacitar a comunidade das cinco cooperativas para a defesa dos seus direitos junto das instituições do Estado que velam pela gestão das terras”.
Pimentel disse ainda que a SOS Habitat já encaminhou ao tribunal o caso da suposta agressão ao responsável associativo.
Contactado pela VOA, o responsável do projecto agrícola ligado à Gesterra, Carlos Paim, assumiu que existem camponeses ainda por indemnizar mas assegurou que “o processo ainda não terminou”.
Paim anunciou que para os camponeses que quiserem continuar no campo a sua empresa vai conceder terras “com condições para que eles possam trabalhar”.