O Sindicato dos Médicos de Angola vai intentar “uma acção popular” em tribunal contra o Estado, ao mesmo tempo que os enfermeiros dizem que poderão agora eles próprios entrarem em greve, o que a confirmar-se irá paralisar quase que totalmente os serviços médicos e hospitalares públicos. Serviços hospitalares do estado correm o risco de paralização quase total.
A “acção popular” contra o Estado angolano vai dar entrada nos próximos dias no Tribunal Supremo e o jurista e deputado Leonel Gomes explica que esse tipo de acção “é feita por um conjunto de pessoas, no caso médicos junto do Supremo Tribunal” para que o Estado respeite os seus direitos, nesse caso o direito à greve.
O Governo tem estado a negar os salários aos grevistas e isso é considerado pelos médicos como um atentado à própria Constituição.
Adriano Manuel, presidente do Sindicato dos Médicos, diz que vai levar o Estado angolano a tribunal porque neste momento o Executivo adoptou medidas musculadas com ameaças aos médicos, como retirada dos ordenados e despedimentos e troca por outros sem experiência de trabalho.
“Nós vamos entrar com uma acção popular contra o estado angolano porque pensamos haver uma estratégia do governo, previamente preparada e estruturada, estão a correr com os médicos dos hospitais, principalmente os mais experientes, trocando-os por outros recém formados, sem experiência absolutamente nenhuma, o que isto está provocar?”, interrogou.
“Aumento das mortes nos hospitais, isto está directamente relacionado com a estratégia do executivo que partiu agora para atitudes altamente musculadas infelizmente”, acrescentou.
Com a greve dos médicos, os enfermeiros afirmam que é uma questão de horas para que eles se juntem aos médicos e pendurem as batas, caso o Governo não resolva e de imediato os problemas levanta.dos
Os enfermeiros dizem que sem os médicos, a sua condição de trabalho agudiza-se e já não há motivação para continuar a trabalhar nas condições actuais.
“A greve dos enfermeiros poderá ser decretada a qualquer momento, caso o Governo não volte a sentar-se com os médicos e resolverem a situação porque os enfermeiros já não suportam assistir pacientes a morrerem por incapacidade”, garantiiu Afonso Quileba do Sindicato de Enfermeiros de Luanda, que acrescentou que cada profissional de enfermagem hoje atende acima de 150 pacientes por dia, o que humanamente não é possível.
“É crítico, estamos sem qualquer motivação, para o exercício da profissão nestas condições actuais, podemos afirmar que somos os profissionais mais tristes da sociedade angolana”, concluiu Kileba.
O Governo continua a dizer que cumpriu tudo o que foi acordado com o sindicato.