O presidente da UNITA revelou nesta quarta-feira, 20, em Benguela, que o seu partido não pode cair em armadilhas orquestradas pelo MPLA no sentido de criar em Angola um ambiente de violência e instabilidade, capaz de dificultar o andamento de um processo eleitoral ainda sem garantias de transparência. Em visita privada a Benguela, presidente da UNITA aponta sinais de instabilidade e uma imprensa sem pluralismo.
Em visita privada, Adalberto Costa Júnior disse à VOA que o programa inclusivo do seu partido tem condições para triunfar, assinalando que conta com os angolanos para o fim do ciclo de governação com mais de 45 anos.
Num momento em que era interpelado por vários munícipes para saudações e fotografias, o presidente da UNITA deixou uma mensagem de “esperança na prosperidade”, com críticas ao MPLA, partido no poder, devido ao que chama de armadilha para a violência.
“Nós já identificamos que o MPLA tem como aliado negativo, e espero que se desista disso, a questão da violência. Não só aos membros da UNITA, mas aos angolanos, eu faço um apelo: não coloquemos o nosso pé na casca de banana que nos querem colocar à frente, lá onde formos provocados façamos meia volta, não respondamos, para que cheguemos às eleições em ambiente de confiança”, disse o líder da oposição.
Costa Júnior, que tem vindo a negar ligações a activistas detidos por suposta prática de arruaças, voltou a acenar com a observação eleitoral para lá do continente africano, mas salientou que os angolanos devem ser os primeiros a fiscalizar o voto.
“Temos estado a trabalhar há muito nesta matéria, no apelo a nível internacional para a presença de observadores eleitorais, mas também como a nível interno, temos muitas organizações que se devem envolver. A nós caberá preparar os nossos delegados de listas”, assinala o presidente da UNITA, acrescentando que “a imprensa deve cumprir com o seu papel, com a pluralidade, o contraditório e o debate entre os candidatos”.
Na Assembleia Nacional, já se discute, sob iniciativa do MPLA, a transparência eleitoral.
Ao justificar o debate, líder do grupo parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, realçou que o seu partido tenciona acabar com a narrativa da fraude, presente nas últimas eleições.
“Não queremos um processo baseado na narrativa da fraude, queremos transparência em todas as suas nuances, a nível dos actores, dos procedimentos legais e até da da participação da comunidade internacional”, garantiu o deputado na altura.
As eleições terão lugar no próximo mês de Agosto.