O Presidente de Angola, João Lourenço, condenou hoje “veementemente” o golpe de Estado no Burkina Faso, apelando “ao bom senso dos golpistas em prol do bem-estar” daquele país da região do Sahel, e de todo o continente africano.
Num comunicado hoje divulgado, João Lourenço revela que Angola soube “com muita preocupação” do golpe de Estado de sexta-feira, levado a cabo por um grupo de soldados liderados pelo capitão do Exército burquinense Ibrahim Traoré, que derrubou o líder da junta militar que governava o país, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba.
“Na qualidade de Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação em África condenamos veementemente este ato e exortamos os golpistas burkinabés a facilitarem o trabalho das atuais autoridades da Transição, voltado para o cumprimento do cronograma de transição que prevê o regresso à ordem constitucional, até 01 de julho de 2024”, lê-se no comunicado, assinado por João Lourenço.
Angola apela “ao bom senso dos atores golpistas em prol do bem-estar do Burkina Faso, da região do Sahel e da África no geral”, reiterando “solidariedade do povo angolano para com o povo irmão do Burkina Faso neste período de profunda instabilidade política”.
João Lourenço garante que Angola “continua a acompanhar de perto a situação no Burkina Faso e predispõe-se a providenciar o auxílio necessário para contribuir na erradicação dos ciclos de instabilidade política em África”, que “retardam sobremaneira o desenvolvimento sustentável” daquele continente.
Em mensagem dirigida à nação na noite de sexta-feira, os perpetradores do golpe acusaram Damiba de se desviar do ideal do Movimento Patriótico de Salvaguarda e Restauração (MPSR), nome da junta que tomou o poder no golpe de 24 de janeiro, e de não acabar com a insegurança causada pelo terrorismo ‘jihadista’.
Após um dia de confusão marcado por uma insurreição militar e tiros disparados em zonas estratégicas da capital, Ouagadougou, os autores do golpe anunciaram a suspensão da Constituição e da Carta de Transição.
Da mesma forma, os militares liderados por Traoré, o novo homem forte do país, decretaram a dissolução do Governo e da Assembleia Legislativa de Transição e instituíram um recolher obrigatório entre as 21:00 e as 05:00.
Os autores do golpe também ordenaram o encerramento das fronteiras nacionais e a suspensão de todas as atividades políticas e da sociedade civil.