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Adalberto Costa Júnior acusa João Lourenço de incentivar a corrupção ao assinar “contratos simplificados todos os dias”

O Líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, acusou, em entrevista exclusiva concedida ao jornal económico português Negócios, o Presidente João Lourenço de incentivar a corrupção, ao autorizar a assinatura de “contratos simplificados [por ajuste directo] todos os dias”.

“Há quatro empresas que recebem praticamente 90% da contratação pública sem concursos. Portanto, o Presidente da República é o grande incentivador da corrupção, porque ele próprio assina contratos simplificados todos os dias. Durante a campanha eleitoral também, quando era proibidíssimo”, afirmou o líder do maior partido na oposição.

À pergunta sobre o que faria de diferente no plano económico para desenvolver a economia angolana, Adalberto Costa Júnior respondeu que “faria tudo diferente”, considerando que “hoje não se governa”, mas, sim, “distribui-se de forma criminosa os diferenciais do petróleo”.

“A economia não está diversificada. Os empresários angolanos estão pobres, enfrentam a concorrência dos governantes e isso não mudou nada”, disse, aludindo que se aplica “mal o dinheiro porque não se investe nos empresários, os quais podem ser o factor de transformação da sociedade”.

Para o líder da UNITA, as “forças vivas” do país precisam de se sentar, para saber que Angola se tem hoje, que país se quer construir e que modelo político serve para o construir.

“Hoje o governo está num sentido e a sociedade encontra-se num sentido totalmente distinto. Terminou na passada semana o encontro da CEAST [Conferência Episcopal de Angola e São Tomé] e as conclusões foram bastante fortes. A primeira delas foi a de que as instituições em Angola se têm de democratizar. Ou seja, estão a dizer-nos que a partidarização das instituições é uma realidade. E se não se despartidariza não há futuro para ninguém”, defendeu.

Apesar da crítica à forma como o país é governado, o líder da UNITA disse que aconselharia um investidor estrangeiro a investir em Angola, para não ser chamado de “anti-patriota”, porém, admitiu ser “indiscutível” que os investidores não se sintam seguros pela forma como se comportam os sistemas bancário e fiscal em Angola.

“Se queremos fazer de uma economia um elemento de sucesso, temos de criar uma sociedade estável, segura, desenvolvida, inclusiva, com acesso a serviços que não existem. E estes factores limitam o investimento. Há muita gente que acaba por investir porque o governo retira algumas das obrigações que são normais e isso também prejudica a vários níveis, porque não há um desenvolvimento universal com leis iguais para todos”, apontou.

Adalberto Costa Júnior assumiu, por outro lado, enquanto membro do Conselho da República, ter a missão de convencer o Presidente da República a olhar para aquilo que chamou de “causas comuns nacionais”, temas que o líder da UNITA continuam a passar ao lado da maior parte dos governantes angolanos.

“Todos os senhores do poder são milionários e perderam sensibilidade. Eu sou conselheiro da República e, enquanto tal, conselheiro do Presidente da República e já lhe disse: nunca vou baixar os braços para tentar trazê-lo às causas comuns nacionais. Não é fácil, mas não é impossível”, disse.

 

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