O Presidente da Federação das Associações dos Transportadores Rodoviários de Passageiros, Mercadorias e Afins (FATROPMA) considerou hoje justa a retirada gradual do subsídios aos combustíveis, pecando por ser tardia.
Em declarações à agência Lusa, António Martins referiu que desde 2016 não é revisto o preço da venda da gasolina ao público e passados sete anos regista-se um “aumento brusco na ordem quase aproximadamente de 90%”.
O Governo angolano anunciou quinta-feira a retirada gradual dos subsídios aos combustíveis, que incidiu nesta primeira fase sobre o preço da gasolina, que passou dos 160 kwanzas (0,25 euros) para 300 kwanzas (0,48 euros) o litro, isentando taxistas e mototaxistas licenciados, transportes públicos urbanos e a pesca artesanal.
Para António Martins, “se a revisão fosse feita periodicamente, por exemplo, semestralmente ou anualmente, os utentes de veículos não sentiriam tanto o seu impacto”.
“O momento não deixa de ser certo, porque o preço da gasolina já com este aumento que se verifica a partir de hoje, continua a ser o mais baixo de toda a África Austral, por isso é justo este aumento de 90%, só que deveria ser de forma gradual”, realçou.
O líder da Fatropma salientou que “o combustível é um insumo pertinente na vida social da população e quando se aumenta o preço isto impacta outras áreas da sociedade”.
“O que deve haver de facto da parte do Governo é uma fiscalização rigorosa para que não se verifique o aproveitamento e a especulação do preço da gasolina”, advogou.
De acordo com o responsável, muitos dos taxistas e mototaxistas ainda não estão licenciados e só os que estiveram nesta condição terão acesso aos cartões para o abastecimento nas bombas de combustível com os preços anteriores.
“É também uma medida bem-vinda, porque o que nós temos acompanhado é muitos cidadãos que exercem a atividade, mas não estão licenciados, não tributam para o OGE [Orçamento Geral do Estado] e toda a atividade deve estar legalizada”, acrescentou.
Relativamente à atividade dos camionistas, considerou que “não haverá muitos problemas, porque geralmente, na sua maioria, os camiões utilizam mais o gasóleo” e o mesmo também para alguns táxis coletivos, os “Azul e Branco”.
“E foi mesmo já em função disso que o Governo neste preciso momento reviu o preço da gasolina e não o problema do gasóleo”, referiu.
Segundo o presidente da Fatropma, o Governo tem agora que reforçar o controlo e a fiscalização, nomeadamente “de como é que realmente vão ser utilizados esses cartões e se os utentes das viaturas licenciadas vão honrar”.
“O Governo tem que trabalhar muito com as associações, na qualidade de parceiros sociais do Governo para elas fazerem o seu trabalho de base na mobilização e sensibilização dos taxistas para que eles não encurtem as rotas, não aumentem os preços, porque esta medida quase que não afeta os taxistas”, avançou.