Pelo menos dez casos de erros médicos foram registados este ano pela Ordem dos Médicos (Ormed) de Angola, que aguarda por notificação sobre a alegada negligência médica no Hospital Américo Boavida (HAB), disse hoje a bastonária à Lusa.
“Nestes anos que aqui estamos temos bastantes casos de erros médicos. Só neste ano (2023) temos por aí 10 casos e no ano passado foram bastantes também”, afirmou Elisa Gaspar, observando que os referidos casos “não resultaram em mortes”.
A bastonária da Ormed, que se recusou comentar o alegado caso de negligência médica que resultou na morte de um cidadão, na terça-feira, à porta do Hospital Américo Boavida (HAB), em Luanda, salientou que a instituição aguarda por notificação da direção da unidade hospitalar para emitir opinião.
“Eu não vi nada, não soubemos de nada, não recebemos nenhuma informação. A informação que vimos é aquela que o diretor (do Hospital Américo Boavida (HAB) falou na televisão, dizendo que houve negligência, mas nós não vimos, ele que está lá no terreno é que está a dizer”, frisou.
Elisa Gaspar disse esperar que a Ormed seja notificada para que o Conselho de Ética e Deontologia Médica juntamente com o Conselho Nacional de Disciplina daquele órgão possam abordar o médico sobre as circunstâncias do incidente e, a partir daí, “emitir uma opinião”.
“Mas, por enquanto, não temos nada de concreto e estamos à espera que nos notifiquem pelo hospital, porque nem sequer o nome do colega conhecemos”, apontou.
A direção do Hospital Américo Boavida (HAB) anunciou, na quarta-feira, a suspensão da equipa médica, na sequência do sucedido, e participou a ocorrência, por suposta negligência da equipa médica em serviço, junto do Serviço de Investigação Criminal (SIC), prometendo “responsabilização devida” ao médico que terá negado assistência ao paciente.
Para a bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, que preferiu não comentar as medidas impostas ao médico, a situação “é preocupante”, sobretudo pelo facto de o cidadão ter morrido à porta daquele hospital.
“É preocupante o facto de o cidadão ter morrido à porta do Hospital Américo Boavida (HAB). Agora, o que o diretor disse é porque ele viu e é quem sabe e, então, não faremos juízo em cima daquilo que só estamos a ouvir”, insistiu.
Questionada se a Ormed regista com regularidade casos de negligência médica, a também médica pediatra referiu que aquele órgão não tem registo de casos que implicam mortes, mas apenas casos de erros médicos.
“Temos casos de erros da equipa médica e, muitas vezes, não é o médico, por vezes é um outro profissional de saúde, mas como a equipa é médica, então, diz-se que é um erro médico, mas depois quando fazemos acareação muitas vezes constatamos que não é o médico”, rematou Elisa Gaspar.