África do Sul: Polícia angolana recomenda “segurança privada” para proteger igrejas dos assaltos

O porta-voz da Polícia Nacional de Angola admitiu hoje que os crimes cometidos contra instituições religiosas no país é uma preocupação e recomendou o recurso a empresas privadas de segurança, já que a prevenção deve partir dos cidadãos

Orlando Bernardo reagia à preocupação expressa pelos bispos católicos face ao aumento dos níveis de criminalidade no país, com destaque para os assaltos que vêm sofrendo as instituições religiosas.

“Naturalmente, isso é muito preocupante”, disse Orlando Bernardo, na apresentação da situação de segurança pública entre agosto e setembro no país, descartando que sejam ações dirigidas especificamente contra a Igreja Católica.

“O crime, às vezes, é oportunidade, não acredito que sejam elementos que decidiram atacar as igrejas, mas se encontrar vulnerabilidade nessas instituições é natural que isso aconteça”, referiu.

O responsável policial frisou que, independentemente da responsabilidade das forças de segurança, “é fundamental que, no âmbito da prevenção geral, também cuidem um pouco daquilo que é a autoproteção”.

“Porque temos uma cobertura policial muito baixa e é natural que em alguns sítios não consigamos ter condição de proteger tudo, por isso é que existem os serviços de segurança privada, também para dar uma ajudinha às forças da polícia”, sublinhou.

Em Angola, segundo informou o porta-voz da Polícia Nacional, o rácio polícia/cidadão é de um efetivo para mais de 1.500 pessoas, no caso particular da província de Luanda, capital do país.

O porta-voz da polícia realçou que as igrejas “estão a sofrer crimes, como todos os cidadãos têm estado a sofrer”.

“O que nós precisamos de fazer é encontrar mecanismos de resolver isso, primeiro, com aquela forma de prevenção, que é a questão da proteção primária”, sugeriu.

“Acho que se estão a tomar medidas para que estes factos não voltem a acontecer, mas, por exemplo, a Igreja Católica tem muitas igrejas, já imaginou se tivéssemos que pôr polícias em tudo isso?”, observou.

Orlando Bernardo defendeu o policiamento de proximidade, reconhecendo que a polícia angolana não está ainda preparada para essa colaboração.

“Nós não somos uma polícia preparada suficientemente para essa colaboração com o cidadão, isso temos estado a melhorar todos os dias”, admitiu, acrescentando: “Muitos polícias saem da sociedade que temos e trazem uma série de males que deviam ser trabalhados e às vezes não são o suficiente e isso também afugenta os cidadãos das esquadras”.

No entanto, realçou o empenho da instituição para melhorar essa relação.

Na semana passada, os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), reunidos em assembleia ordinária, criticaram o nível alto de criminalidade e de insegurança no país, que atingiu no último ano mais de 60 instituições da Igreja Católica.

Segundo o, na altura, presidente da CEAST, Filomeno Vieira Dias, em 2020 mais de 60 instituições — paróquias, escolas, centros de saúde, residências paroquiais e de religiosas — sofreram assaltos, algumas “a dois passos” de unidades policiais.

De acordo com os bispos, a insegurança nos principais centros urbanos atingiu os níveis mais altos, sendo os depoimentos dos cidadãos à comunicação social “um misto de desespero, medo e revolta, um pranto clamando ajuda, pois a violência toma conta das cidades e assusta as pessoas”.

 

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