Carlos Vila Nova apelou à intervenção da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da comunidade internacional para ultrapassar o “momento difícil”.
O Presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova condenou quarta-feira a tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau e transmitiu solidariedade ao seu homólogo guineense, Sissoco Embaló, com quem falou por telefone.
“O Presidente da República, Carlos Vila Nova, transmitiu ontem, terça-feira, uma mensagem de solidariedade e encorajamento ao seu homólogo da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, na sequência da tentativa de golpe de Estado, ocorrida naquele país irmão”, lê-se numa publicação partilhada na página da rede social Facebook da Presidência.
A publicação refere que os dois chefes de Estado conversaram via telefónica, durante a qual o Presidente são-tomense “condenou a tentativa de subversão da ordem constitucional na Guiné Bissau, com uso a arma de fogo”.
A Presidência da República refere que Carlos Vila Nova “transmitiu os seus sentimentos de pesar pelas vítimas registadas e formulou votos de que a Guiné-Bissau prossiga na senda da estabilidade e da paz”.
Na terça-feira também o primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, lamentou o “momento difícil” na Guiné-Bissau e apelou à intervenção da comunidade internacional para que a situação seja ultrapassada “o mais rapidamente possível e com o menor banho de sangue possível“.
“Lamento profundamente porque, de facto, os nossos países em vias de desenvolvimento, continuamos nesta luta titânica contra a pobreza, pela afirmação dos valores democráticos e existem precisamente as eleições para que todos possam chegar ao poder pela porta principal, que é esta soberania que o povo nos confere”, disse Jorge Bom Jesus.
O chefe do Governo são-tomense apelou à intervenção da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da comunidade internacional para ultrapassar o “momento difícil”, considerando que “nada justifica perda de vidas humanas em circunstâncias dessas”.
“Sempre que há seja o que for que coloque em causa a estabilidade política e governativa, naturalmente é sempre muitos passos atrás. Esperemos que o povo guineense e naturalmente a comunidade internacional – a nossa comunidade da CPLP – todos consigam ajudar para que este momento difícil seja ultrapassado o mais rapidamente possível e com o menor banho de sangue possível”, referiu Jorge Bom Jesus.
Vários tiros foram ouvidos na terça-feira junto ao Palácio do Governo da Guiné-Bissau onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.
A tentativa de golpe de Estado já foi condenada pela União Africana, pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), através da presidência angolana, pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, por Portugal e por vários outros países.
Em declarações aos jornalistas, no Palácio da Presidência, o Presidente guineense afirmou ter-se tratado de um “ato bem preparado e organizado” que poderá também estar ligado a “gente relacionada com o tráfico de droga”.
O ataque provou pelo menos 11 mortos e quatro feridos, segundo fontes militares e médicas, e do Governo.
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.
Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.