África: União Africana anuncia “suspensão imediata” do Mali

A União Africana (UA) decidiu suspender o Mali “de participar em todas as suas actividades”, “até que a ordem constitucional normal seja restabelecida no país”. Em causa, o segundo golpe militar em nove meses, realizado em Maio.

A UA “decide suspender imediatamente a República do Mali de participar em todas as actividades da União Africana, órgãos e instituições, até que a ordem constitucional normal seja restabelecida no país”, declarou, em comunicado, o Conselho de Paz e Segurança da organização.

A União Africana pediu aos militares malianos para que “regressem de urgência e incondicionalmente aos quartéis e que se abstenham de qualquer interferência futura no processo político no Mali”.

Por outro lado, a organização pediu condições para o regresso a uma “transição democrática sem entraves, transparente e rápida”, caso contrário “não hesitará em impor sanções específicas e outras medidas punitivas” contra os que impedem a transição.

A UA exige, ainda, que nenhum dos actuais líderes se candidate às próximas eleições e quer o levantamento das “restrições” a todos os actores políticos, nomeadamente o Presidente e o primeiro-ministro de transição depostos, Bah Ndaw e Moctar Ouane, que estão em prisão domiciliária.

A suspensão do Mali por parte da União Africana surge dias depois de a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ter tomado a mesma decisão.

Dois golpes de Estado em nove meses

O Mali teve dois golpes de Estado em nove meses. O primeiro foi a 18 de Agosto de 2020, quando o Presidente Ibrahim Boubacar Keita, que era acusado de corrupção e alvo de protestos há meses, foi derrubado por um golpe militar. Na altura, a União Africana suspendeu o país, mas levantou a decisão no início de Outubro, depois de a junta militar se ter comprometido a uma transição para um Governo civil no prazo de 18 meses.

A 15 de Abril de 2021, as autoridades de transição fixaram as datas de Fevereiro e Março de 2022 para a realização de eleições presidenciais e legislativas, mas, em Maio, os militares, insatisfeitos com uma recomposição do Governo decidida na sequência de protestos crescentes, detiveram o Presidente, Bah Ndaw, e o primeiro-ministro, Moctar Ouane. O coronel Assimi Goïta foi, então, declarado chefe de Estado e Presidente de transição e os militares disseram que as eleições vão decorrer em 2022.

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