O Ministro do Interior de Angola informou hoje, em Luanda, que o polícia que matou a tiro uma vendedora ambulante, na sexta-feira, está detido, e refutou excessos na atuação policial.
Eugénio Laborinho reagiu hoje à morte de uma ‘zungueira’, na sexta-feira, no distrito urbano da Maianga, província de Luanda, quando efetivos dos serviços de fiscalização tentavam ordenar a venda naquele local.
O governante angolano considerou que não há excessos na atuação da polícia, mas sim o desrespeito da população pela polícia.
“Não há excesso da polícia, a nossa sociedade é que tem que respeitar, porque um órgão de polícia, um policial em pleno exercício das suas funções tem que ser respeitado, porque é um agente policial que está aí para manter a ordem e a segurança públicas e qualquer um desses cidadãos sabe que a polícia está aí a cumprir o seu papel”, disse Eugénio Laborinho.
O titular da pasta do Interior defendeu a necessidade do resgate de valores, num trabalho conjunto entre as autoridades e os cidadãos.
“O resgate de valores é que tem que ser respeitado e voltar, porque é um trabalho conjunto, porque um polícia é um cidadão, o polícia vem do povo, é filho de um cidadão normal, ele vem do nível camponês, operário, intelectual, etc”, afirmou.
Segundo o ministro, a polícia nacional angolana é moderna, realçando que todos os anos é feito um trabalho do ponto de vista cívico e patriótico dos polícias.
“Não podemos negar que não haja de facto um ou outro excesso, mas também, tendo em conta algumas nuances no meio de tudo isso, a nossa população tem que respeitar a polícia”, frisou.
“Abrimos um inquérito para poder apurar a responsabilidade daquilo que ocorreu, só apelamos à nossa população para ter um bocado de mais calma e que respeite as autoridades policiais, respeitar a ordem”, acrescentou.
Para o ministro do Interior angolano, “não é aceitável que uma vendedora ambulante venda no passeio, venda nas pedonais, nas pontes aéreas”.
“Então nós temos que manter a ordem, e vamos ser um bocado contundentes nisso, porque o país tem que ter ordem. Se não tiver ordem não sei onde é que estamos, não podemos copiar países africanos que nós conhecemos (…), por exemplo, não podemos chegar ao ponto de uma cidade de Lagos [Nigéria], não é possível isso. Angola é diferente, Angola é Angola, Luanda, Cabinda, Malanje, etc. cada um sabe o seu papel”, sublinhou.
Eugénio Laborinho confirmou a morte de uma pessoa no incidente, desmentindo informações que teriam morrido mais pessoas.
“Isto é falso, é preciso ter em conta que o polícia está armado, do ponto de vista psicológico uma pessoa que é agredida, que lhe pegam na farda, rasgam-lhe a farda, pode perder o sentido, é bom que se cuide isto para não haver exageros, porque um polícia armado, muitas vezes pode ser um homem amado, querido, às vezes perde o sentido”, salientou.
“É preciso ter cuidado, esse é um trabalho profundo que nós temos estado a levar a cabo junto dos nossos centros de instrução sobretudo e também dizer que, muitas vezes, os nossos policiais sabem como lidar com o povo, nós temos exemplos, e também o povo tem que saber lidar com os policiais, são filhos”, apelou.
Eugénio Laborinho disse que o inquérito foi instaurado no mesmo dia da morte, que o polícia está detido e que as autoridades vão ajudar a família da vítima, nomeadamente com o funeral.
“Sobretudo vamos ajudar no óbito, vamos cumprir com todos os formalismos, preparar as condições de dar a ajuda necessária para que o Ministério do Interior, a Polícia Nacional, cumpra com todos esses pressupostos do ponto de vista social, para que, de facto, honremos com o compromisso e a senhora que foi vítima desse incidente seja enterrada condignamente”, referiu.