Angola: Activistas detidos em Cabinda quando pretendiam manifestar para pedir paz e libertação de colegas

Polícia estava presente em todas as ruas da cidade e deteve nove activistas Largo 1º de Maio

A Polícia Nacional (PN) de Angola deteve nove activistas que pretendiam realizar uma marcha neste sábado, 28, em Cabinda, para pedir pela libertação de três colegas detidos a 28 e 30 de junho e apelar pela paz.

A informação foi revelada por activistas citados pelo também activista José Marcos Mavungo numa nota enviada à VOA.

“Os activistas estavam no Largo 1º de Maio da cidade de Cabinda e se preparavam para uma manifestação para pedir a libertação dos três activistas políticos detidos desde 28 e 30 de junho e apelar para a paz em Cabinda”, quando a polícia “decidiu levá-los para o Serviço de Investigação Criminal (SIC), onde se encontram neste momento, humilhados, esfomeados, debilitados e sem acesso a advogado”, escreveu Mavungo.

Entre os detidos estão, segundo aquele activista, entre outros, Alexandre Kuanga Nsito, Alexandre Kasu, João Alexandre, Mateus Muanda Tempo, Luciano Muanda e Alfredo Valdemiro Ledi.

“Denunciamos mais esta violência exercida contra os nove activistas dos direitos humanos em Cabinda e repudiamos a farsa montada para os deter de forma arbitrária e as restrições de não receber visita de advogado e familiares, que só desonram a imagem e as instituições de administração da Justiça de Angola”, continuou José Marcos Mavungo.

Ainda segundo aquele activista, a “cidade de Cabinda despertou esta manhã com um número elevado de efectivos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) em todas as rotundas da cidade, e dispostos ao longo da rua que liga o Largo 1º de Maio ao salão Multiuso, onde devia terminar a manifestação”.

A VOA soube que os activistas deveriam ter sido libertados no final do dia, mas que deverão responder a um julgamento.

Não tivemos confirmação da sua soltura, nem a PN pronunciou-se sobre o caso.

Recorde-se que o activista José Marcos Mavungo foi detido a 14 de Março de 2015 à saída da missa em Cabinda sem mandado de captura, no dia em que estava convocada uma manifestação para denunciar as violações de Direitos Humanos e foi condenado a seis anos de prisão pelo Tribunal Provincial de Cabinda pelos crimes de incitação à rebelião e à violência, acrescidos de uma multa de 50 mil kwanzas de taxas de justiça.

Quase 14 meses depois ele foi libertado quando o Tribunal Supremo concluiu não existirem factos concretos relativamente aos crimes dos quais ele foi acusado.

VOA

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