Gritos e marchas por melhorias das condições de vida em plena pandemia continuam a ouvir-se e a presenciar em várias cidades angolanas.
Em Malanje, um grupo de activistas sociais lançou o projecto “Kanawa Fora”, para pressionar o Presidente da República a exonerar o governador da província, Norberto Fernandes dos Santos, alegadamente por ser o culpado do fraco desenvolvimento da província de Malanje.
No mesmo dia, sábado 9, uma marcha pela cidade capital, sem incidentes, denunciou o fraco poder de compra dos cidadãos e a ausência de programas do Governo
Na apresentação do projecto “Kanawa Fora”, o activista Jesse Figueiredo, apontou o dedo a Santos.
“Apenas três municípios de Malanje têm energia eléctrica, isso citando o facto de que Malanje tem as duas principais barragens do país”, afirmou Figueiredo.
Os mentores do projecto responsabilizam o governador por falta de empregos, de escolas e hospitais em condições, deficiente fornecimento de água e energia elétrica e do cumprimento dos prazos das obras agendadas em cada exercício económico.
No mesmo dia, mais de duas dezenas de activistas sociais marcharampor algumas ruas da cidade de Malanje em protesto com o acto custo de vida, sem que fossem impedidas pelas autoridades.
“Desemprego, má nutrição, não há medicamentos nos hospitais, não há condições de habitação, ou seja, não existem políticas credíveis para que haja melhoria de vida para o povo angolano”, reclamou o activista Salomão Tenguna, enquanto Baião Lopes disse esperar que o Governo materialize os seus programas.
“Nós entendemos que os males que a população angolana vive é da falta de vontade por parte do partido MPLA”, disse Lopes, perguntando “quem trouxe a corrupção em Angola? Quem trouxe a bajulação? Quem trouxe os males que enfermam os angolanos e angolanas?”
Arismendes Muhongo, outro activista social ouvido pela VOA, revelou preocupação com a crescente carência dos serviços sociais básicos.
“Falo em meu nome, na verdade estamos fartos, estamos fartos do MPLA, estamos fartos do Presidente João Lourenço, eu estou farto. Também não deixo de ser povo [cidadão], quem votou o MPLA foi o povo e também sou povo, então estou cansado”, admitiu Muhongo.
O aumento dos preços dos produtos da cesta básica que reduziu ainda mais o poder de compra dos angolanos foi destacado também pela “zungueira” (vendedeira) Conceição Pinto, para quem “isto aqui está mal, isto está muito mal irmão, tem que mudar, porque 500 kwanzas antes chegava devidamente [para uma refeição], os preços estão a aumentar todos os dias”.
A marcha decorreu sem incidentes e com protecção policial.