Angola: “Angariação de fundos” para realização de congresso da UNITA gera polémica

Para financiar o 13º Congresso, a UNITA publicou nas redes sociais contas bancárias de dirigentes para quem quiser contribuir para a realização do conclave. A iniciativa mereceu algumas críticas.

O apelo lançado pela União Nacional para a Independências Total de Angola, UNITA, nas redes sociais “às pessoas de boa-fé” para conseguir angariar recursos financeiros para a realização do 13º Congresso Ordinário, marcado para os dias 2 a 4 de dezembro deste ano, continua a gerar as mais variadas reações.

Para o jornalista Joaquim Ribeiro a posição tomada pela UNITA não é a mais recomendável. Ribeiro aconselha militantes da UNITA a encontrar outros mecanismos internos para a obtenção dos fundos necessários para a realização do congresso.

“Não cai muito bem a um partido histórico da dimensão da UNITA andar a exibir as suas contas bancárias, para que os cidadãos contribuam para a realização do seu congresso”, considera.

Opiniões dividem-se

Já o estudante Daniel Chiquete acha normal a atitude tomada pelo maior partido da oposição angolana face às dificuldades financeiras que atravessa, fruto do processo de impugnação da eleição de Adalberto Costa Júnior ao cargo de presidente da UNITA por um grupo de militantes do partido.

“Eu penso que eles estão perturbados e essa preocupação remete-os para a situação de terem que solicitar ajuda ao povo.porque eles precisam realizar o congresso”, explica o estudante.

O ativista cívico José Carlos Daniel não vê qualquer anormalidade na ação da UNITA em recorrer ao apoio financeiro da população para a realização do congresso. Mas alerta para o que o caso pode significar para a sociedade angolana.

“Os cidadãos, ao contribuir para o congresso da UNITA, também estão a passar uma mensagem muito forte, quer a UNITA quer, a sociedade. Porque no geral, não é papel dos cidadãos fazerem essas ajudas, sobretudo, para um partido político”, disse à DW África.

A pedido dos cidadãos

O deputado à Assembleia Nacional pela bancada parlamentar da UNITA pelo círculo provincial do Huambo, Delfim Eduardo Dumba, salienta que o processo de contribuições aberto pelo seu partido nas redes sociais não fere a Constituição da República, a lei dos partidos políticos ou os estatutos da UNITA. Dumba disse que a direção do partido decidiu tomar a iniciativa, porque recebeu inúmeras solicitações de cidadãos apostados em apoiar a formação política.

“Há correntes, vozes contrárias a esta circulação. Há campanha contra a contribuição livre e espontânea dos cidadãos. Há quem diga que houve uma imposição, o que não faz sentido”, acrescentou.

Começa, nesta quinta-feira (04.11), a apresentação de candidaturas à liderança do maior partido da oposição em Angola e o calendário dos preparativos para o conclave, no qual serão eleitos os novos dirigentes da UNITA, depois do acórdão do Tribunal Constitucional que anulou as decisões tomadas no 13º Congresso realizado em 2019, e a direção que daí resultou.

O Tribunal Constitucional deu razão a um alegado grupo de militantes da UNITA, que apontaram irregularidades, como a dupla nacionalidade de Adalberto da Costa Júnior à data de apresentação da sua candidatura às eleições do 13º Congresso. A UNITA considerou o acórdão do tribunal ilegal.

 

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