Os Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) realizam hoje em Luanda uma cimeira ordinária, que marca o início da presidência rotativa de um ano de Angola, focada na industrialização.
A 43.ª cimeira ordinária dos líderes políticos da organização regional decorre sob o lema “Capital Humano e Financeiro: Os Principais Fatores para a Industrialização Sustentável na Região da SADC”.
O Presidente de Angola, João Lourenço, que sucede na liderança política do bloco ao seu homólogo da República Democrática do Congo (RDCongo), Félix Tchisekedi, discursa na abertura dos trabalhos, que abordarão questões políticas, socioeconómicas, de paz e segurança, capacitação da juventude e das mulheres.
A liderança política da SADC por Angola deverá ser marcada por dois focos de tensões, designadamente o conflito no leste da vizinha RDCongo e os atos de terrorismo em Cabo Delgado, Moçambique, onde a SADC tem uma força (SAMIM – Missão Militar da África Austral) para combater o fundamentalismo islâmico.
Em declarações à Lusa, o analista angolano Osvaldo Mboco considerou que os chefes de Estado e de Governo irão debater na cimeira as infraestruturas de apoio ao comércio, nomeadamente as estradas regionais, inexistentes na SADC, e os caminhos-de-ferro transfronteiriços.
Para Osvaldo Mboco, quando um país assume a presidência de uma organização acaba também definindo a sua agenda e “Angola, a par dos interesses da organização poderá colocar também na agenda de discussões as infraestruturas de apoio ao comércio, nomeadamente o caminho-de-ferro, tendo em linha de atenção o investimento que fez no corredor do Lobito, que tem uma característica transfronteiriça”.
Com cerca de 350 milhões de habitantes, isto é, um quarto da população africana, estimada em 1,4 mil milhões de habitantes, o capital humano é determinante para os desafios da organização regional.
De acordo com Osvaldo Mboco, são grandes os desafios deste capital humano africano, uma vez que “grande parte dos jovens não possuem preparação profissional e em alguns casos são analfabetos”.
“E esse analfabetismo não se resume simplesmente em saber ler, escrever e contar, estamos a falar também do acesso e do conhecimento às novas tecnologias, à era digital, sendo fundamental olhar para um outro prisma do ponto de vista do lema, que é o capital financeiro, que é determinante para se fazer operações de vários programas e projetos estruturais”, salientou.
A SADC é um bloco económico formado pelos lusófonos Angola e Moçambique, além da África do Sul, Botsuana, República Democrática do Congo, Comores, Lesoto, Madagáscar, Malaui, Maurícias, Namíbia, Essuatíni, Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.