O Banco de Poupança e Crédito angolano ofereceu, em 2017, quando era presidido pelo atual ministro dos Transportes, Ricardo Viegas d’Abreu, relógios no valor de 1.074 dólares (920 euros) a 512 funcionários, prática posteriormente “descontinuada”, segundo fonte oficial.
O banco, totalmente detido pelo Estado angolano e em processo de recapitalização, registou em 2019 o maior prejuízo de sempre e já em 2017 tinha encerrado o ano com um buraco de 5.200 milhões de dólares (4.300 milhões de euros), essencialmente devido ao crédito malparado.
Num esclarecimento enviado às redações, Ricardo Viegas d’Abreu, a quem foi imputada a compra de um relógio pessoal no valor de 550 mil dólares com o dinheiro do BPC, referiu que a decisão foi tomada pelo Conselho de Administração e que o gasto era relativo à compra e oferta de relógios para 512 funcionários.
Segundo o documento, “a compra dos relógios marcados e personalizados com o nome de cada um dos funcionários, tornando-os únicos e intransmissíveis, ao valor global de 550.000 dólares visou homenagear, naquele ano, profissionais que completaram 10, 15, 20, 25, 30 e 35 anos de serviço na instituição”.
Ricardo Viegas d’Abreu acrescenta que a oferta de relógios já tinha acontecido em anos anteriores, “tendo sido reduzido em mais de metade o custo dos mesmos, no ano de 2017, fruto de medidas globais de gestão de redução de despesas, sem eliminar a cultura de reconhecimento do mérito de contribuição dos funcionários”.
O antigo responsável do BPC refere que “o órgão que veiculou a informação, além de induzir em erro a opinião pública com um título falso e calunioso, não exerceu o contraditório”, transformando um ato “de incentivo interno do BPC numa operação suspeita, baseada em acusação infundada”.
Contactada pela Lusa, fonte oficial do BPC adiantou que 2017 foi o último ano em que foram dados “brindes” deste género.
“A partir de 2018, essa prática foi descontinuada”, referiu a mesma fonte.