A Polícia Nacional de Angola (PN) está a ser acusada de uso de força para garantir água aos municípios do Lobito e da Catumbela, na província de Benguela, na sequência de uma greve, decretada na quarta-feira, 8, na Empresa de Águas e Saneamento do Lobito (EASL), para reivindicar atrasos no pagamento de salários. Fábricas paralisadas e hospitais sem água.
O Comando Provincial da Polícia, contactado pela VOA, diz que está a fazer o levantamento dos acontecimentos, quando populares falam em movimentos de brigadas de cavalos e cães nos sistemas de produção e distribuição de água.
Greves na EASL, basicamente para exigir o pagamento de salários a horas, e não 15 ou 20 dias depois do final de cada mês, acabam por não representar novidade em função do que se assiste nos últimos tempos.
Desta vez, ainda sem qualquer declaração da Comissão Sindical, nem reacção do Conselho de Administração a propósito das negociações, trabalhadores de base salientam que a PNdeu guarida a chefes de departamentos que procuravam ligar os sistemas.
O activista cívico Eduardo Ngumbe diz estar atento ao que chama de sofrimento da população por falta de água.
“Eu vi, na rotunda do Kero, zona da Santa Cruz, três viaturas da Polícia com efectivos da PIR (Polícia de Intervenção Rápida) armados. Não sei … por acaso vi o cenário, mas não perguntei”, explica Ngumbe.
Uma incursão, dizem fontes da VOA na empresa, sem sucesso, já que os técnicos introduziram manobras que só eles conhecem, à semelhança do sucedido na última paralisação.
Hospitais e fábricas não escaparam a uma crise que, segundo Ngumbe, faz lembrar restrições vividas em estados de emergência impostos pela pandemia.
A 2 de Setembro, no dia do 108o. aniversário do Lobito, uma manifestação contra a falta de água na zona alta da cidade acabou com detenções de activistas.
Agora, sobre a greve, o porta-voz do Comando Provincial da Polícia em Benguela, Ernesto Chiwale, promete prestar esclarecimentos a qualquer momento, uma vez reunidos os elementos.