A dois dias do início de uma campanha de transferência de crianças de e na rua para um centro de acolhimento na província angolana de Benguela, este continua sem condições para receber as crianças, disse um membro da Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS). Activista avisa que centro não tem condições e crianças rejeitam o programa.
No local preparado pelo Governo de Benguela, cedido pela Igreja Católica, no quadro de um programa de ressocialização, esteve o activista cívico Dino Caley, que disse que o centro “por enquanto … ainda não tem nada, a cozinha não está pronta, vemos apenas um muro pintado”.
“Se calhar as condições vão aparecer hoje e amanhã, já que a campanha começa no dia 4, mas não dá para acolher um número de crianças”, observa o activista.
O Governo Provincial de Benguela, numa nota em que sublinha ter havido um processo de cadastramento, disse que as crianças podem chegar ao acolhimento sem consentimento dos encarregados de educação.
Aos pais e encarregados de educação que não encontrem os seus educandos nos locais habituais, o Governo pede que entrem em contacto com a Família e Açcão Social, entidade parceria do Instituto de Apoio à Criança (INAC) nesta empreitada.
Reduzir o grau de insegurança e dar acompanhamento são dois objectivos definidos pelas autoridades.
A maior parte de um conjunto de 10 crianças de rua ouvidas pela VOA diz não ter conhecimento da campanha, publicitada na rádio pública, e reprova este método.
“Estamos na rua a pedir ajuda, e não nos falaram (da campanha) , mas queremos mesmo ficar com os avós e os pais”, diz Bento – nome fictício – enquanto o companheiro salienta que “o Governo deve ajudar as famílias que têm fome, as crianças que não têm pai nem mãe”.
O sociólogo Victorino Roque alerta para os factores que determinam o fim deste fenómeno nas ruas das cidades afirmando que “estes factores não passam essencialmente pelas crianças”.
Para ele o alvo devem ser “as famílias, que devem ser estruturadas e empoderadas”.
“Se nós fizermos um levantamento das causas imediatadas, vemos que muitas (crianças) estão na rua porque não existem condições básicas”, concluiu o sociólogo.