Angola/Cafunfo: Associação diz que houve “mais de 50 mortos” na violência no Cafunfo no início do ano

A Associação Juvenil Para o Desenvolvimento Comunitário de Angola (AJUDECA) diz num relatório que houve mais de cinquenta pessoas mortas em Cafunfo, na Lunda Norte, depois da repressão policial à manifestação de 30 de Janeiro de 2021. AJUDECA culpa violência na “miséria” do povo e na falta de diálogo com as autoridades. Centenas de pessoas estão desaparecidas, diz organização.

Num estudo que iniciou a 15 de Fevereiro a AJUDECA concluiuigualmente que centenas de pessoas estão desaparecidas e que a causa da manifestação não esteve ligada ao Movimento do Protectorado Lunda mas sim àscondições de miséria a que o povo do Cafunfo está submetido.

O movimento tinha contudo convocado uma manfiestação para esse dia e as autoriades afirmam que membros da organização armados tentaram atacar uma esquadra da polícia

A AJUDECA refere que ouviu polícias de Cafunfo, cidadãos comuns, autoridades tradicionais locais líderes religiosos entre outros eo seu relatório que começou a ser elaborado a 15 de Fevereiro refuta os números apresentados pelo executivo, em relação aos mortos como consequência da manifestação de 30 de Janeiro.

“A pesquisa da AJUDECA conluiu que houve mais de cinquenta pessoas assassinadas em Cafunfo, para além de uma centena de pessoas que estão a ser procuradas pelos seus familiares”.

Para a associação o Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe nada teve a ver com a manifestação que ocorreu em Cafunfo,e aponta duas razões principais na base da revolta.

“Uma, as condições degradantes em que vive o povo de Cafunfo, onde as pessoas vêem a saír diamantes que não impactam nas suas vidas e aoutra razão é a falta de dialogo entre as autoridades governamentais, as empresas mineiras e o povo da região”, disse Manuel Mpembele coordenador da AJUDECA.

Sobre o relatório contactamos a secretaria de estado dos Direitos Humanos prometeram retomar a ligação o que não aconteceu ate ao fecho deste trabalho. Salvador Freire advogado de defesa ddo presidente do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, preso há cinco meses e acusado de ser o mentor dos acontecimentos de Cafunfo diz que o governo havia prometido fazer sair um relatório oficial
até hoje nada diz.

“Até hoje não há nada oficial do executivo, passados seis meses do ocorrido em Cafunfo nota-se claramente aqui que há mão de alguns politicos neste processo” disse acrescentando que “ aliás é so ver os ministros e Comandante da policia que fizeram pronunciamento sobre a matéria, o que influencia o processo”

Sobre a prisão de Zecamutchima, Freire entende que hé claramente denegação de justiça e os prevaricadores deviam ser responsabilizados.

“Denegação de justiça é crime, privar um cidadão da sua liberdade é crime, os procuradores,magistrados etc deviam ser responsabilizados mas isto eu nunca vi acontecer em Angola”, disse

Zola Bambi do Observatório Social e Justiça entende que o caso de Zecamutchima e outros é um “descrédito do sistema judicial angolano.

“O nosso sistema de justiça continua algemado pelo poder político, isto põe em causa o país, põe em causa os tribunais, e o próprio sistema democrático de direito que se pretende, para o país”, disse

Rafael Marques responsável pela associação UFOLO que após a violência no Cafunfo organizou um encontro entre as autoridades, a população e diversas organizações disse não ter tido contacto com o relatório da AJUDECA, por isso não poder se pronunciar sobre o mesmo.

O estudo prometido pela UFOLO sobre Cafunfo deverá sair no mês que vem.

 

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