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Angola/Cafunfo: Líder do movimento da Lunda Tchokwe diz que “não está foragido”, mas “teme pela vida”

O presidente do Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), promotor da manifestação de Cafunfo, que resultou em várias mortes, afirmou hoje à Lusa que “está em Luanda” e “não está foragido”, mas “teme pela vida” devido “ameaças anónimas”.

“Não estou foragido, não fui contactado pela polícia, não fugi, estou em Luanda e se quiserem me contactar podem o fazer, inclusive pelo meu advogado Salvador Freire”, disse José Mateus Zecamutchima, que há anos defende autonomia da região leste do país, rica em recursos minerais.

Segundo o dirigente, elementos afetos ao governo angolano estão a “querer encontrar provas para acusar o movimento e seus líderes”.

De acordo com a polícia angolana, cerca de 300 pessoas ligadas ao MPPLT tentaram invadir, no sábado, uma esquadra policial, de Cafunfo, província angolana da Lunda Norte, e, em resposta, as forças de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas.

A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de uma dezena de mortos.

O ministro do Interior angolano anunciou, na terça-feira, que José Mateus Zecamutchima já foi indiciado pela justiça por “mobilizar pessoas para desestabilizar a região leste”, foi indiciado num processo-crime já aberto, na sequência do incidente, “e a justiça vai tratar dele”.

“Ele vai justificar por que razão insiste em criar situações de embaraço na região leste, nomeadamente na província da Lunda Norte, quais são os objetivos, quem está por detrás disso e o que é que lhe vai na alma, para se justificar”, afirmou Eugénio Laborinho, em conferência de imprensa.

“Temos provas materiais, e a outra são os intentos, os objetivos desta rebelião. Os processos estão aí, vocês vão ter a oportunidade de ver”, referiu.

Hoje, José Mateus Zecamutchima garantiu que “está em Luanda e não em parte incerta”, afirmando que o movimento que dirige “não é ilegal e tem trocado várias correspondências e ofícios com o Governo angolano, a Assembleia Nacional e a Provedoria de Justiça”.

Para o dirigente do MPPLT, as acusações contra o movimento decorrem do facto das autoridades angolanas “não quererem assumir as mortes”, que na sua contabilidade são já 25, porque “muitos corpos começaram a ser descobertos em ravinas e locais ermos”.

“E alguns desses corpos foram lançados nos rios”, apontou.

José Mateus Zecamutchima, que diz temer pela vida por estar a “receber chamadas anónimas com ameaças de morte e rapto”, relatou que “continua em busca” de possíveis membros do movimento a nível da região leste, negando igualmente a presença de estrangeiros na manifestação.

“Há povos nas lundas que são Tchokwe, mas não falam português. Se o país está sob cerca sanitária, devido à covid-19, com o encerramento de fronteiras como é que alegados estrangeiros da RDCongo teriam entrado cá?” – questionou.

“No fundo, o Governo quer apenas encontrar provas para incriminar os membros da nossa organização”, sublinhou, defendendo ainda que a polícia angolana “deveria igualmente apresentar pelos manifestantes”.

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