Angola: Comando-Geral da Polícia Nacional (PN) diz não ter orientações para “deter jornalistas” em manifestações

O Comando-Geral da Polícia Nacional de Angola assegurou hoje ao Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) que “não tem nenhuma orientação” para impedir ou deter jornalistas no exercício das suas funções e prometeu reforçar orientações aos efetivos.

Segundo o secretário-geral do SJA, Teixeira Cândido, a promessa foi manifestada pelo comandante-geral da Polícia Nacional de Angola (PNA), Arnaldo Carlos, no encontro que juntou à mesma mesa o ministro do Interior, seus colaboradores diretos e associações da classe jornalística.

“Reiterou o comandante-geral de que não há nenhuma orientação para impedir o exercício da atividade profissional e as garantias que temos é de que o comando-geral da PNA vai trabalhar e reforçar a suas orientações para que se respeite o trabalho dos jornalistas quando tivermos presentes em manifestações e outras”, disse o sindicalista no final do encontro.

A detenção de jornalistas no exercício da sua atividade, sobretudo em manifestações públicas, foi o motivo do encontro, na sequência da detenção do correspondente da emissora internacional alemã Deutsche Welle, Borralho Ndomba, enquanto fazia cobertura de uma manifestação de estudantes, em Luanda.

Pelo menos quatro jornalistas foram detidos, só em Luanda, desde agosto passado, enquanto cobriam manifestações, de acordo com Teixeira Cândido, referindo que no interior do país os profissionais também enfrentam “vários constrangimentos”.

O secretário-geral do SJA disse que, no encontro, ficou também estabelecida a ideia de que quando haver situações dessa natureza (manifestações) é preferível que os profissionais estejam “devidamente identificados”.

Isto porque, acrescentou, a polícia diz “que às vezes não é fácil identificar jornalistas no meio de uma multidão, razão pela qual alguns têm sido detidos”.

“Ficou aqui acordada a ideia de que a polícia vai reiterar as informações para que se respeite os jornalistas no exercício da função”, acrescentou.

“E da nossa parte ficou acordada a ideia de encontrarmos um mecanismo para permitir uma identificação mais fácil aos profissionais, como termos de voltar de forma massiva a usar coletes como distintivo, para facilitar a tarefa da polícia”, avançou.

Teixeira Cândido manifestou-se igualmente “expectante” com o cumprimento das promessas das autoridades policiais: “Claro estamos aqui todos expectantes a futuras atuações e esperamos que não haja razões para voltarmos a estar reunidos para abordar situações dessa natureza”.

O ministro do Interior, Eugénio Laborinho, que participou no encontro, lamentou os impedimentos do exercício da atividade jornalística por parte dos efetivos da polícia e defendeu “melhor identificação dos jornalistas”, principalmente na cobertura de manifestações públicas, para “tratamento diferenciado”.

 

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