A inflação acumulada situou-se nos 20%, sendo necessário recuar até 2017 para encontrar um registo tão elevado.
O custo de vida em Angola aumentou 20% nos primeiros dez meses de 2020, máximo de dois anos, segundo dados do Índice de Preços no Consumidor (IPC) divulgado na passada sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em termos mensais, os preços aumentaram 1,8%, registo que se verifica desde Julho de 2020, enquanto a inflação anual acelerou para 24,3% maior registo desde Dezembro de 2017.
Para 2020 o Governo prevê uma inflação anual de 25%. O economista António Estote, de fende que este objectivo pode vir a ser alcançado uma vez que em Outubro a Inflação acumulada foi de 20% diante de uma média mensal de 1,9%, com este crescimento médio mensal a taxa acumulada expectável para 2020 estará entre 24% e 25%.
“Embora o nível geral de preços seja o principal objectivo da política monetária, existem limitações na prossecução deste objectivo, nomeadamente a solvabilidade da economia nacional, para garantir as importações de bens e serviços”, considera Estote.
Segundo o economista, os dados sugerem que o aumento da inflação deve-se essencialmente à desvalorização do Kz a um ritmo mensal de cerca de 3%, perfazendo uma desvalorização acumulada de 32% até Outubro de 2020. O BNA teve de deixar o Kz desvalorizar e, consequentemente, deixar aumentar os preços para defender as reservas internacionais líquidas que atingiram o mínimo dos últimos 9 anos nos 15,918 milhões USD.
Das 12 classes que compõem o cabaz de bens que serve de base ao cálculo do IPC, a classe de Alimentação e Bebidas não Alcoólicas liderou as subidas de preços em Outubro face a Setembro, com 2,1%, seguindo-se Bebidas
Alcoólicas e Tabaco com 2,1%, Hotéis, Cafés e Restaurantes, com 2%, e Vestuário e Calçado, com 1,9%.
Por seu turno as classes que menos viram seus preços aumentar foram a Educação, com 0%, Comunicações, com 0,2%, e da Habitação, Água, Electricidade e Combustíveis, com 0,6%.
As províncias com maiores registos de aumento de preços foram Lunda Norte, com 2,1%, Luanda, com 2%, Moxico, com 1,8% e Bié, com 1,8%. Por seu turno as províncias onde o custo de vida menos encareceu foram Cunene, com 1,3%, Lunda Sul, Namibe, ambas com 1,4%, e Benguela, com 1,5%.
Luanda o principal centro de consumo do País viu seus preços aumentarem 2,0% em Outubro face a Setembro.