Um dos detidos segurava um cartaz com a mensagem “JLo e Kwanza Norte são lixos” durante visita do Presidente Angolano a Ndalatando. Sociedade civil acusa João Lourenço de fazer “caça ao voto”.
O ativista Gomes Pablo permenece detido na esquadra policial do Catome de Baixo, em Ndalatando, capital da província angolana do Kwanza Norte, desde terça-feira (14.09).
“Os policiais disseram-nos que o companheiro Pablo escreveu um cartaz que supostamente ultraja a figura do chefe de Estado angolano”, afirmou à DW África Pascoal Evaristo, companheiro de causas cívicas do ativista detido. “O Comando Municipal relatou que ele escreveu um cartaz que dizia ‘JLo e Kwanza Norte são lixos”, acrescentou.
O outro detido foi Luís Dala, secretário provincial adjunto do Movimento de Estudantes Angolanos do Kwanza Norte. O ativista social foi solto horas depois da detenção. O jovem foi obrigado a apagar as fotografias que captou durante a chegada à Ndalatando da caravana do Presidente angolano.
João Lourenço finaliza esta quarta-feira (15.09) a sua visita de dois dias à província do Kwanza Norte, onde foi receber um relatório detalhado da situação da província nos diferentes domínios e conceder audiências. A presença do chefe de Estado na província coincidiu com o regresso do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos ao país, depois de dois anos ausente.
Sociedade civil critica visita
A sociedade civil no Kwanza Norte reagiu negativamente à visita de João Lourenço, alegando que o Presidente só visita a província em época pré-eleitoral para a caça ao voto.
Evaristo Nguala, secretário provincial do Movimento de Estudantes Angolanos, críticou as autoridades locais por terem paralisado as aulas esta terça feira para recepcionar o Presidente.
O gabinete provincial local da Educação reagiu ao descontentamento e orientou professores e alunos a afluírem às aulas, mas as escolas em Ndalatando permaneceram fechadas.
Durante a sua estada em Ndalatando, João Lourenço reuniu com o conselho provincial da comunidade local e procedeu ao lançamento da primeira pedra da futura urbanização das quintas casas de diversas tipologias na zona rural do quilômetro 11.
Orlando Ferraz, estudante universitário e ativista cívico, considera nula a visita do chefe de Estado angolano, pelo facto de ir à província apenas em época pré-eleitoral.
O secretariado provincial da União Nacional Independente Total de Angola (UNITA) também reagiu à visita de João Lourenço com fortes apelos ao governo local e ao Presidente para que não houvesse intimidações e paralisação das atividades laborais da vida sócioeconómica na capital da província.