Angola: Economista céptico quanto à recuperação do investimento feito ao Intercontinental Luanda

O economista Carlos Rosado de Carvalho acredita que o Hotel Continental Luanda Miramar, infra-estrutura recentemente recuperada pela PGR, pelo tempo que levou à sua construção nunca mais vai recuperar o investimento que foi aplicado.

“ Há uma situação que é reconhecida por todos. Este problema não foi criado pelo actual governo. As obras deste hotel começaram em 2006, com identificação de operadores, as fundações, entretanto, não são deste governo”, lembrou.

Segundo Carlos Rosado, o que está a acontecer é a minimização dos prejuízos e questionou-se, quem irá recuperar 600 milhões de dólares que o Estado angolano investiu na unidade hoteleira.

“ Isto são como as fábricas têxteis. Esquece o investimento porque nunca vais conseguir recuperar, agora o que tem de ser feito é minimizar os prejuízos. O Hotel fechado e as fábricas sem produzirem os prejuízos ainda são maiores”.

“No caso particular deste hotel, nós sabemos como estão os hotéis em Angola, estão as moscas, não existem clientes”,acrescentou.

Carlos Rosado disse ainda, desconhecer o contrato de exploração e de gestão, que foi celebrado, “normalmente essas cadeias não vem para perder dinheiro e, portanto, devem ter posto uma série de cláusulas que no fim do dia paga-se. Será que estão a correr riscos”, questionou.

Por sua vez, o Jurista William Tonet, disse que a justiça seria a bandeira da linha da frente na resolução deste problema, e condena a exposição da imagem do presidente da República nos assuntos judiciais.

“ Existe uma orientação e uma solicitação de um órgão independente de soberania que no quadro da inter-dependência constitucionalmente consagrado, espera que o sector da justiça actue e, que não seja subjugado aos interesses e vontades do poder político e, quando isso acontece nós, temos menos política”, afirmou.

William Tonet, criticou também a falta de acção por parte da Sonangol, de não ter tomado os devidos trâmites jurídicos e fiscais, quando se viu dentro de um litígio com os antigos sócios.

“ Seria a Sonangol a intentar uma acção contra os outros parceiros por haver na sua relação cláusulas leoninas, então tinham que ser expurgadas desse contrato. Porque esse contrato de parceria envolve uma série de situações. A Sonangol, entrou com dinheiro e a outra parte entrou com terreno. O quê, que o estado na verdade nacionalizou e porque que o presidente entra desta forma neste processo e, porque que não esperou que a justiça tivesse tomado uma decisão” interrogou William Tonet, justificando que ninguém leva a sério a justiça e disse mais acusando que os diligentes procuradores e juízes o que determinarem pode não ser acatado, porque vem o sector político e desmancha tudo”.

Recorde-se que o Presidente da República, assegurou esta quarta-feira, em Luanda, que o seu Governo vai continuar a trabalhar para recuperar todos os activos que foram criados com capitais públicos, mas que infelizmente a determinada altura deixaram de ter o Estado como o principal accionista.

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