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“Angola está aberta ao investimento em praticamente todos os setores” — Ministro de Estado para a Coordenação Económica

O Ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola afirmou hoje, no Porto, que o seu país está aberto ao investimento em praticamente todos os setores da sociedade, defendendo parcerias entre empresários dos dois países.

Manuel Nunes Júnior, que falava na abertura do Fórum Económico Portugal-Angola, considerou que “as parcerias de empresas angolanas com empresas portuguesas em certos setores podem oferecer às empresas de Angola boas oportunidades para terem uma boa prestação em outros mercados e contribuir para a diversificação das exportações do país”.

“Por isso, nós precisamos que Portugal nos ajude a edificar uma economia cada vez menos dependente do petróleo e convidamos os empresários portugueses a investir nos nossos solos férteis, de modo a que, numa primeira fase, Angola possa tornar-se autossuficiente na produção de alimentos”, disse o ministro angolano.

Manuel Nunes Júnior convidou os empresários portugueses a investir “na agroindústria, na indústria têxtil e de vestuário, na indústria farmacêutica, no turismo, na educação, na saúde, nas pescas, na construção e em todos os setores que possam contribuir para diversificação da economia angolana”.

“Angola é um país aberto ao investimento em praticamente todos os setores da nossa vida em sociedade”, disse o governante angolano, acrescentando: “O nosso desejo é ver Portugal a ajudar-nos na edificação em Angola de uma economia cada vez mais diversificada, uma economia que seja capaz de transformar os enormes recursos naturais de Angola em riqueza tangível para o país e para o povo angolano”.

O ministro de Estado para a Cooperação Económica considerou “importante” que os empresários angolanos “estabeleçam relações de parcerias estratégicas com empresários de outros países, possuidores de ‘know-how’ e de tecnologia avançada” para que o país “possa rapidamente ter acesso ao que de melhor o mundo nos pode proporcionar nos domínios empresarial e da tecnologia”.

“Para Angola, o investimento privado estrangeiro será sempre muito bem-vindo com vista a aportar ao nosso país não só o capital financeiro, mas sobretudo o ‘know-how’ e a tecnologia necessária aos processos de crescimento e desenvolvimento”, disse.

“Tendo em conta o conhecimento amplo que as empresas portuguesas têm do mercado angolano, tendo igualmente em conta o prestígio a qualidade e a aceitação dos produtos portugueses em Angola, estamos convencidos que Portugal pode desempenhar um papel particularmente relevante neste domínio”, frisou.

Manuel Nunes Júnior lembrou que quando, em 2017, o Presidente João Lourenço assumiu funções, “a economia angolana era caracterizada por elevados e sistemáticos défices orçamentais, taxa de inflação muito alta, uma taxa de câmbio com uma trajetória altamente desvalorizante e imprevisível e com uma economia real a exibir taxas de crescimento negativas”, o que gerou uma quebra da confiança dos agentes económicos e menos investimentos.

“Restaurar a confiança no mercado, por parte dos agentes económicos, constituiu e constituiu um fator crucial da ação governativa do executivo de Angola nos últimos cinco anos”, sublinhou.

Com as reformas fiscais implementadas a partir de 2018, no âmbito do programa de estabilização macroeconómica, Angola “saiu de défices sistemáticos das suas contas fiscais e passou a apresentar superávites” orçamentais todos os anos, com exceção de 2020, devido ao impacto da covid-19.

“Com saldos orçamentais superavitários foi possível inverter a tendência de endividamento do país. O rácio de stock da dívida pública em relação ao produto interno bruto saiu de 134% em 2020 para 65% em 2022, muito próximo do patamar de 60%, que é a meta que pretendemos atingir”, afirmou o ministro.

Em seu entender, esta tendência de diminuição da dívida pública é “um fator essencial para diminuição gradual das taxas de juro de mercado, que já está a acontecer, mesmo, numa altura em que no mundo se assiste a uma tendência contrária”.

As taxas de inflação “têm conhecido igualmente uma trajetória nitidamente decrescente”: após um pico de cerca de 42% em 2016, foi reduzida para 13,8% em 2022.

“O nosso mercado cambial está a funcionar normalmente. Com a introdução de um regime de taxa de câmbio flexível que permitiu ajustar o valor da moeda nacional às condições de mercado, as transações cambiais do país tornaram-se mais seguras e também mais previsíveis e aqueles que investem em Angola têm podido expatriar os seus dividendos livremente e, mais importante, em tempo oportuno”, acrescentou.

“Estamos a trabalhar para continuar nesta trajetória de crescimento económico, para que os grandes problemas sociais do país possam ser resolvidos, com especial realce para os níveis de desemprego, que atualmente se situam muito elevados”, salientou, considerando “um imperativo” o aumento da produção doméstica de bens e serviços.

O petróleo constitui hoje “mais de 95% dos recursos de exportação e mais de 60% das receitas tributárias do país”, indicou, reiterando que Angola quer diversificar a sua economia.

“Nós queremos acabar com esta grande dependência de petróleo e edificar em Angola uma economia mais forte e mais sustentada”, sutentou.

Considerou ainda que Portugal é “um país com uma economia cada vez mais diversificada, com uma economia orientada para o exterior” e, por isso, “as parcerias de empresas angolanas com empresas portuguesas em certos setores podem oferecer as empresas de Angola boas oportunidades para terem uma boa prestação em outros mercados e contribuir para a diversificação das exportações do nosso país”, acrescentou.

Manuel Nunes Júnior falava na abertura do Fórum Económico Portugal-Angola, este ano dedicado ao tema “Construímos relações sólidas”.

O objetivo foi debater e analisar o desempenho e perspetivas sobre o futuro da economia angolana, para tornar as relações com Portugal, do ponto de vista empresarial, “mais operacionais e profundas”.

A sessão de abertura contou também com a presença do ministro da Economia e do Mar de Portugal, António Costa e Silva, que considerou Angola “um parceiro comercial e económico de muito significado para Portugal”, apontando que “em 2022 as exportações de Portugal para Angola passaram os 1.400 milhões de euros”.

“Temos mais de 4.500 empresas em Portugal que exportam para Angola, é um número muito significativo, e temos mais de 1.200 empresas portuguesas que operam em Angola em múltiplos domínios”, lembrou o ministro português.

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