Angola: Ex-combatentes reformados “saem à rua para exigir pagamento de dívidas”

A Associação dos Oficiais, Generais, Superiores, Capitães e Subalternos Reformados vai manifestar-se a partir de 20 de fevereiro, para exigir o cumprimento das promessas do Governo angolano e o pagamento de uma dívida que se acumula desde 2009.

“Já fizemos tudo o que nos pediam, tentámos o diálogo e não resulta. É uma dívida que se arrasta desde agosto de 2009 e o problema não está a ser resolvido. Se não pagarem, infalivelmente, vamos sair à rua no dia 20”, disse à Lusa o presidente da associação, José Alberto Nelson “Limuqueno”.

O brigadeiro, reformado desde 2004, salientou que o objetivo “não é criar instabilidade”, mas exigir apenas os seus direitos.

“Não somos bandidos, não somos confusionistas [agitadores], somos antigos combatentes”, frisou o dirigente da Associação dos Oficiais, Generais, Superiores, Capitães e Subalternos Reformados (AOGSCSR), acrescentando que “as famílias estão a passar mal”.

“Só pedimos o pagamento da dívida, mesmo que seja de forma faseada. Estamos aflitos e a morrer com fome”, salientou “Limuqueno”.

O responsável da associação adiantou que será feita na quinta-feira uma nova denúncia pública para pedir “o especial favor ao camarada João Lourenço”, chefe de Estado angolano, para que faça o pagamento.

A AOGSCSR, que conta com mais de 1.600 associados, divulgou hoje um documento, a que a Lusa teve acesso, dando conhecimento do pedido de autorização da manifestação a várias entidades da administração central e local.

Os subscritores queixam-se de lhes ter sido cortados subsídios e direitos adquiridos, “arrastando os beneficiários em desgraça e pobreza extrema”, e exigem o pagamento da dívida contraída pelo Estado angolano, por intermédio do Ministério da Defesa Nacional desde agosto de 2009 até à data, avaliada em 130 mil milhões de kwanzas (164 milhões de euros).

Os antigos combatentes referem no mesmo documento que tiveram uma reunião recente com o ministro da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria, em que lhes terá sido dito que seriam repostos os subsídios das empregadas domésticas e o pagamento das pensões por grau militar, “mas até agora não há sinal nenhum”.

Os oficiais generais e superiores sugeriram também o pagamento da dívida relativa a sete anos, deixando de fora outros seis anos “tendo em conta a crise que o Estado angolano apresenta”.

A manifestação está marcada para 20 e 21 de fevereiro, pelas 10:00, com concentração no Largo da Independência, 1.º de Maio, de onde partirão “de forma ordeira e pacífica” para o Palácio da Justiça, junto à Cidade Alta, onde se concentram os órgãos do poder em Luanda.

 

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