O ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleos e Gás disse hoje que o executivo adotou medidas para minimizar o efeito das sanções sobre a gigante da mineração russa, Alrosa, que participa nos principais projetos diamantíferos em Angola.
A diamantífera estatal russa, que explora a mina de Catoca, principal fornecedora de diamantes em Angola em parceria com a Endiama, e participa também na concessão do projeto mineiro de Luaxi, foi alvo de sanções por parte dos EUA e do Reino Unido devido ao conflito russo.
Hoje, durante um encontro com jornalistas em Luanda, para assinalar a abertura das Jornadas do Mineiro, responsáveis angolanos desvalorizaram o impacto destas decisões, garantindo que foram adotadas medidas para minimizar o impacto sobre as operações mineiras em Angola.
“Não estamos dependentes da Alrosa para desenvolver Catoca e Luaxi”, disse o ministro Diamantino Azevedo, indicando que o projeto mineiro já iniciou a fase de produção experimental
O governante sublinhou a “capacidade” dos recursos angolanos que tem demonstrado estar preparados para atender as necessidades da indústria mineira e adiantou que existe um “plano de ação”.
“Quando se iniciou esta situação entre a Ucrânia e Rússia tomámos medidas preventivas, vimos quais os cenários possíveis e estamos a trabalhar para, perante os factos, podermos implementar os cenários previstos”, afirmou o ministro sem entrar em detalhes
O presidente da diamantífera estatal angolana Endiama, Ganga Júnior reforçou que foram tomadas “algumas medidas no sentido de as sanções não se refletirem negativamente” na produção angolana, mas salientou que se assiste neste momento a uma fraca procura no mercado de diamantes, com implicações na descida dos preços.
“A situação não esta fácil e não se limita a Catoca, mas a todo o mercado de diamantes”, frisou.
Admitiu também que existem dificuldades “relacionadas com operações bancárias”, designadamente salários pagos a funcionários russos da Alrosa.
“As operações de transferência para a Rússia não as conseguimos fazer, estão a ser utilizados outros caminhos”, afirmou, sem especificar.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.842 civis, incluindo 148 crianças, e feriu 2.493, entre os quais 233 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.