Angola: Gemcorp socorre João Lourenço com a criação de milhares de empregos

Refinaria em Cabinda, a primeira a ser construída desde a independência, vai ajudar o presidente angolano a aliviar pressão social

Com um investimento de 900 milhões de dólares, que vai criar 2000 postos de trabalho diretos e indiretos a curto e médio prazos com a entrada da segunda fase da construção da Refinaria de Cabinda, a Gemcorp sai em socorro de João Lourenço na sua principal frente de batalha de momento: o desemprego.

“O plano de longo prazo é que a Refinaria de Cabinda maximize o emprego local e a que a transição para a operação seja feita por uma força de trabalho totalmente angolana”, garantiu Atana Bostandjiev, Presidente da Gemcorp, um fundo de investimento que vem apoiando as autoridades de Luanda na promoção de vários ativos estratégicos.

Com esta oferta, o Presidente angolano poderá começar a sentir algum desafogo perante a pressão que, nos últimos tempos, passou a sofrer de vários grupos de ativistas sociais, que estão agora a cobrar, com cada vez maior intensidade, o cumprimento de uma das suas promessas eleitorais: a criação de 500 mil empregos.

“É um investimento de grande envergadura que vai assegurar a multiplicação de sinergias para apoio a vários segmentos da economia da região como a construção, engenharia, logística, segurança e administração”, defendeu um alto responsável do Ministério angolano dos Petróleos.

Com uma participação de 10% da Sonangol, esta refinaria, a primeira em construção em Angola depois da independência, é detida em 90% pela Gemcorp. “É uma aposta que expressa o nosso compromisso em apoiar Angola na execução de reformas sólidas que a permitam alcançar a recuperação económica à medida que o mundo for saindo da crise provocada pela pandemia da Covid-19”, assegurou o líder daquele Fundo de Investimento.

A aposta neste empreendimento na província mais ao norte de Angola começa, deste modo, a ser vista no enclave como o reconhecimento da nova visão que João Lourenço pretende emprestar à solução dos problemas locais depois de longos anos de distanciamento de Luanda e de uma perigosa aproximação às repúblicas vizinhas do Congo Brazavillhe e do Congo Democrático.

“Esperemos que uma nova governação em Luanda consiga finalmente alcançar o que nunca foi feito desde a independência: fazer dos cabindas angolanos”, disse uma fonte do governo local, que pediu anonimato.

Primeira refinaria em construção fora de Luanda, este empreendimento corresponde igualmente ao primeiro investimento privado desta natureza em Angola com recurso à mais recente tecnologia norte-americana para o desenho, operação e desenvolvimento e adesão aos Princípios do Equador.

Numa combinação de esforços conjuntos da Gemcorp e da Sonangol, as várias etapas percorridas pelo projeto, mesmo diante das adversidades impostos pelo surgimento da pandemia da Covid-19, permitiram já criar todas as condições para que a refinaria entre em operação no primeiro trimestre de 2022.

“A construção da refinaria de Cabinda representa um incentivo ao aumento do investimento estrangeiro direto e proporcionará um aumento da capacidade de processamento de petróleo bruto a nível nacional”, reconheceu o Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Gaspar Martins.

Iniciada em Março deste ano, na primeira fase do projeto a refinaria produzirá 30 mil barris por dia e contará com uma unidade de destilação do crude, um dessalinizador, um sistema de ancoragem de boia convencional e de tratamento de querosene, oleodutos e instalação de armazenamento para mais 1,2 milhões de barris.

Se as despesas da primeira fase estão estimadas em 220 milhões de dólares, já a segunda fase, ao tornar a refinaria uma unidade de conversão total, abarcará um investimento de 700 milhões de dólares.

Com a conclusão deste empreendimento, em 2022 Angola conhecerá uma significativa redução da sua atual dependência da importação de produtos refinados ao mesmo tempo que passará a exportá-los, designadamente para a região, com elevadas margens de valor.

“Este investimento, alicerçado num alto sentido de compromisso, demonstra a nossa capacidade em continuar a promover em Angola e com as autoridades angolanas, mesmo nos momentos mais desafiantes, os mais ousados ativos estratégicos”, garantiu Reginald Crawford, partner da Gemcorp e Presidente da Refinaria de Cabinda.

Texto do Expresso

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