O império do general está a desmoronar-se. Em 2018 estava em pelo menos 12 sectores de actividade onde se destacam a banca, telecomunicações, distribuição, importação, transporte e venda dos combustíveis em Angola. Hoje, o congelamento de activos nos Estados Unidos da América, abriu-lhe a porta de saída.
O general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” encaixou mais de 410 milhões de USD com a venda das participações que tinha no banco angolano de investimentos e na Puma Energy, apurou o Expansão. Se por um lado estas vendas permitem algum dinheiro ao general, por outro significam a perda de dividendos nos sectores mais lucrativos da economia angolana.
Além das vendas, a entrega de activos ao Estado, entre eles a rede dos supermercados Kero, o grupo Media Nova, fábricas de cimento e cerveja e vários imóveis marcaram a saída do general Dino de pelo menos 6 dos 12 sectores de actividade económica em que estava presente.
Já a saída da banca e da distribuição de derivados de petróleo aumentou para 8 o número de sectores que já não fazem parte do universo empresarial do general.
No final do ano passado, “e sem que o valor tivesse sido revelado, aquele que foi um dos homens-fortes do ex-presidente da República José Eduardo dos Santos, vendeu a sua participação de 3% na Puma Energy, poucos dias depois de ter sido anunciado o congelamento dos seus activos pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos da América”.
A Puma Energy é uma empresa do sector de distribuição de combustíveis que é detida maioritariamente pela Trafigura, de onde o general também saiu em 2020, recebendo 390 milhões USD em troca pela participação que detinha nesta multinacional com sede em Singapura. Terá ficado apenas com uma participação residual. A saída deste negócio é responsável por 95% do valor encaixado pelo General com a venda de participações
Há 4 semanas foi concluída negociação que ditou a sua saída do sector da banca com a venda por quase 20 milhões de USD da participação de 3% que detinha no Banco Angolano de Investimentos (BAI), com o próprio banco a ser o comprador, livrando-se, assim, da “toxicidade” do general numa fase em que se prepara para uma ida a bolsa através de uma Oferta Pública Inicial em que o Estado pretende desfazer-se da sua participação indirecta.
Ainda assim, o general Dino é também um homem-forte nas telecomunicações já que apesar do imbróglio que reina hoje na Unitel será o “dono” de 25% das acções da operadora, apesar de o Estado já ter anunciado ter resgatado essa participação.
Mas como o general anunciou a dissolução da GENI, empresa que controla a sua participação de 25% na Unitel, ainda terá que ser resolvido este imbróglio. Tal como o Expansão publicou na ultima edição, n.º661, publicada a 11 de Fevereiro de 2022, a assembleia geral da Unitel marcada para o dia 31 de Janeiro acabou por não se realizar, porque não há uma definição clara sobre quem poderá representar a GENI, depois desta empresa ligada ao universo empresarial do general Dino ter comunicado aos accionistas a decisão da sua dissolução e não ter feito prova esse passo.
Tal decisão pôs em causa a decisão do Serviço Nacional de Recuperação de Activos e Participações do Estado como fiel depositário das acções do General Dino.
“O império que este homem de negócios construiu ao longo dos anos, sobretudo com o apoio do Estado, indicia estar a chegar ao fim, embora 410 milhões USD no bolso e as participações que ainda detém (por exemplo na Biocom, no Banco Económico, na Movicel, entre outras) ainda permitam margem de manobra para outros voos”.