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Angola: Governo angolano reforça “distribuição de insumos agrícolas para mitigar efeitos de seca no sul”

O Governo angolano reforçou a distribuição de insumos agrícolas para mitigar o impacto da seca severa, que afeta províncias do sul do país e a segurança alimentar das populações, informou hoje fonte do Ministério da Agricultura e Pescas

A informação foi avançada pelo chefe do departamento de extensão rural e assistência Técnica do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), Avelino Mossande, que participou numa reunião que abordou o “Impacto das Alterações Climáticas em Angola: Medidas Sustentáveis de Convivência com a Seca”, promovida pela organização não-governamental Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA).

Avelino Mossande disse que a seca está a afetar a segurança alimentar das populações afetadas das províncias do Cunene, Namibe, Benguela, Huambo, Bié, parte do Cuando Cubango, parte do Cuanza Sul e parte do Bengo.

Segundo o responsável, nem todos os municípios são afetados em algumas províncias, mas a situação no sul do país “é muito mais severa, porque há algumas regiões onde não chove e a segurança alimentar implicitamente está afetada”.

“Essas populações, de certeza, que estão em situação alarmante”, frisou, realçando que em resposta à estiagem prolongada que se verifica no país, o Ministério da Agricultura tomou medidas de mitigação de curto, médio e longo prazos, além de medidas de âmbito nacional e local.

A nível das medidas de âmbito geral, o ministério alocou insumos agrícolas para tentar contrapor os efeitos da seca.

“Em resultado das chuvas na primeira época, prevendo-se um desastre, o ministério tomou providências no sentido de reforçar os insumos agrícolas, no intuito de possibilitar às famílias camponesas, essencialmente, a recuperação do que se tinha perdido na primeira época. Seria no sentido de realizar sementeiras na segunda época para contrapor os efeitos nefastos da seca durante a primeira época”, frisou.

Em algumas localidades, províncias ou municípios, prosseguiu Avelino Mossande, tem havido o aconselhamento das populações para procederem ao cultivo nas zonas baixas, “onde o mínimo do lençol freático permite plantar culturas que sejam de ciclo curto, ou seja, que em menos de três meses ou até três meses, no máximo, tenham o seu ciclo completo para atenuar os efeitos da seca”.

Por sua vez, o diretor da ADRA na província da Huíla, Simione Chiulo, contou que medidas de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas têm estado a ser realizadas naquela região, onde se encontra o município dos Gambos, um dos mais afetados pela seca.

Simione Chiulo sublinhou que, na região sul do país, a agropecuária é o principal meio económico das famílias, por isso, as atividades que visam mitigar os efeitos das mudanças climáticas não podem colocar de parte os criadores de gado.

Atualmente, estão a ser implementados projetos que visam o aproveitamento racional das águas pluviais e fluviais, através da construção de infraestruturas para o aproveitamento e aprovisionamento das águas, a que deram o nome de “cisternas calçadão”.

Apesar de se registarem secas, nos anos de cheia, que também ocorrem, o objetivo é aproveitarem-se as águas para quando se registarem estiagens, explicou.

“Pode chover bastante e dois anos depois não chover, mas se conseguirmos aproveitar racionalmente a água naquela época que chove muito, ela pode ser fonte para as fases em que não venha a chover, daí que temos esse projeto de construção de infraestruturas para aproveitamento e aprovisionamento das águas pluviais, a que nós chamamos de cisternas ‘calçadão’, no município dos Gambos e Humpata, por serem, dos cinco municípios da Huíla que temos intervenção, os que têm maior problema desta natureza”, adiantou.

O mesmo projeto foi estendido para a província do Cunene, onde contam com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), na formação inicial dos pedreiros para a construção das seis cisternas previstas.

De acordo com o diretor da ADRA na Huíla, as “cisternas ‘calçadão’” são infraestruturas que não exigem uma tecnologia de ponta, que podem ser feitas contando com a capacidade dos pedreiros locais, e podem aprovisionar cerca de 52 mil litros de água.

“Isso faz com que elas não sejam infraestruturas muito grandes e possam ser espalhadas na dimensão das aldeias. Estamos a falar de comunidades agropastoris que têm como principal atividade a criação de gado e vivem de forma dispersa, não concentrada. Os projetos para dar resposta a esse problema de água não podem ser vistos numa perspetiva de megaprojetos”, afirmou.

Além da construção dessas infraestruturas, a ADRA está a trabalhar na sensibilização das comunidades para a questão da resiliência, bem como na inserção de culturas resistentes às mudanças climáticas.

“Sobre a introdução de culturas resistentes à seca, muitas delas não fazem parte da tradição das comunidades, daí que perdemos algum tempo, primeiro, no treino das pessoas, por exemplo, como consumir a mandioca nos Gambos, como conservá-la, qual o valor nutritivo, para que elas possam aceitar”, referiu.

 

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