O irmão de um jovem morto no domingo, 23, na capital angolana acusa um agente policial de assassinato ao atirar directamente contra a cabeça dele no meio de distúrbios, que se seguiram à tentativa da Polícia Nacional (PN) em apaziguar uma guerra entre moto-taxistas. Porta-voz da Polícia Nacional diz que a bala bateu no chão e atingiu o jovem de 28 anos.
O superintendente Nestor Goubel justificou a morte com um ricochete da bala disparada pelo agente para dispersar a multidão.
Uma briga entre dois cidadãos levou três agentes da polícia ao local e depois da morte de um dos envolvidos por uma bala de um dos agentes, os tumultos tomaram a Via Expresso, paragem da Mutamba, município de Viana, por volta das 17 horas.
Queima de pneus, paralisação parcial da avenida Fidel de Castro e vandalização de um autocarro público foram o resultado dos distúrbios que se seguiram.
O porta-voz da PN em Luanda, Superintendente Nestor Goubel, disse que tudo começou quando um grupo de cidadãos tentava retalhar, após um agente da polícia ter atingido mortalmente um cidadão, por tentar apaziguar uma briga.
“Um dos elementos não aderiu ao conselho da polícia em ir dirimir o conflito na esquadra e desferiu uma bofetada no outro, tendo gerado uma contestação, no local, houve uma confusão e nesta confusão, naintenção de dispersar a população, o nosso colega fez um disparo, mas a bala embateu no betão e atingiu um jovem de 28 anos”, contou Goubel, acrescentando que os jovens em retaliação “fecharam a estrada, queimaram pneus e vandalizaram um autocarro, um acto condenável”.
Esta versão, no entranto, foi contrariada prontamente pelos familiares da vítima.
Em entrevista a Rádio Despertar, Santos Vita Monteiro, irmão da vítima identificada por Francisco Vita Monteiro, conta que o seu irmão mais novo foi vítima de um tiro certeiro e não de um rocochete.
“Eram dois polícias e o tiro foi certeiro na cabeça do meu irmão, eu estava lá e acompanhei, não é verdade o que a policia está a dizer”, garantiu Monteiro.
Entretanto, na apresentação do novo comandante geral da Polícia Nacional, Comissário-Geral Arnaldo Manuel Carlos, sem reagir aos tumultos deste domingo, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, disse ter dado instruções para formação contínua dos efectivos daquela instituição.