É provavelmente um dos momentos mais ruidosos dos últimos três anos de governação. O tom das críticas sobe. Há falta de emprego. A economia não reage. A COVID complica as contas. Em tese, temos o cenário ideal para reivindicações generalizadas. E, de facto, é o que assistimos. Não vejo mal algum em as pessoas se manifestarem. Ademais, é um direito constitucional.
SUPEROU A MAIS DURA TRAVESSIA POLÍTICA
O que parece inadmissível é a campanha promovida com intuito de desrespeitar a figura do Chefe de Estado. Não creio que seja uma boa solução, um pai encorajar o seu filho a faltar o respeito ao vizinho. Aliás, em África, pai do outro é teu pai, foi assim que aprendemos com os avós. No caso concreto estamos a falar do pai da nação, aquele cuja a missão é a de conduzir temporariamente os destinos de todos. E podemos assumir, salvo alguns episódios pontuais, que o Presidente tem se batido para o que acredita ser o melhor para os angolanos .
O Presidente entende que os recursos do País devem servir para todos sobretudo os mais desfavorecidos, é essa a base dos programas sociais com destaque para o KWENDA que prevê o apoio directo a milhares de famílias. Me parece , no entanto, que algumas gralha evitáveis pelos serviços de apoio tem ajudado a espalhar erradamente a imagem de um presidente despreocupado com o bem comum.
Infelizmente, sectores de confiança continuam a falhar no casting. Outra situação desfavorável é a oposição dentro da própria família política. Os Eduardistas estão manifestamente deslocados da visão do “novo” líder. Diz-se que são os principais patrocinadores da oposição. Ou seja, apoiam Adalberto Costa Júnior. O contexto é, por isso, desfavorável. Mas é bom lembrar que a história dos humanos testemunha que é nos momentos adversos que o engenho é aguçado. E , na verdade, João Lourenço já provou aos angolanos que é um homem resiliente.
Fez das travessias políticas mais sofríveis em Angola. Quando tudo indicava que seria o substituto de José Eduardo, depois desse ter admitido que já não se recandidataria à presidência do partido. João Lourenço assumiu publicamente a pretensão de render JES. Como reprimenda por conta dessa vontade foi duramente penalizado. Ficou onze anos atirado num canto qualquer. Os colegas do partido evitavam-no deliberadamente.
Entretanto, *homem não resignou,* continuou à marcha. Parecia que estava fora do jogo, eis que surge como a pessoa certa para conduzir os angolanos num momento de total descontrolo da gestão da coisa pública . Portanto, estou convencido de que o Presidente vai saber dar à volta e cumprir com o seu principal desígnio; contribuir para garantir dignidade a cada um dos angolanos. Coragem Chefe de Estado.
Rui Kandove