O Presidente de Angola, João Lourenço, instou hoje a comunidade internacional a procurar um cessar-fogo incondicional na guerra entre Moscovo e Kiev, defendendo que “o mundo não suporta” um conflito “no coração da Europa”.
“Num momento em que não se conseguiu ainda superar a tensão reinante no Sudeste Asiático, na península coreana nem no Golfo Pérsico, qualquer uma delas com potencial de evoluir para uma confrontação nuclear, o mundo já não suporta o eclodir e manutenção de um novo conflito em pleno coração da Europa pelas consequências que tem para a economia global, mas sobretudo para a paz e a segurança mundial”, disse o chefe de Estado angolano ao intervir no plenário da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que hoje começou em Lisboa.
Num discurso em que se concentrava na importância dos “oceanos, dos mares e das infraestruturas terrestres a eles ligados”, como os portos comerciais, João Lourenço exemplificou que o bloqueio dos portos ucranianos no Mar Negro “está a causar a crise alimentar global” atual, devido à escassez de cereais, fertilizantes e oleaginosas.
“A esse respeito, importa que a União Europeia, as Nações Unidas e, de uma forma geral, toda a comunidade internacional, priorize e concentre os seus principais esforços na busca de um cessar-fogo imediato e incondicional, seguido de negociações com as partes consideradas importantes para se alcançar e construir uma paz que seja verdadeiramente duradoura para a Europa e o resto do mundo”, afirmou o líder angolano.
Esta não é a primeira vez que João Lourenço apela a um cessar-fogo na Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro quando a Rússia invadiu o país vizinho.
Em março, durante uma visita de Estado a Cabo Verde, o Presidente angolano apelara aos líderes mundiais para, “de forma incansável”, se desdobrarem em múltiplos contactos diplomáticos na busca da paz e da segurança na Europa; e em abril conversou ao telefone com o homólogo russo, Vladimir Putin, visando um “cessar-fogo imediato e o regresso às conversações”.
Angola, que mantém relações históricas com a Rússia desde o período anticolonial, mesmo após a desintegração da URSS, foi um dos 35 países que se abstiveram na votação da Assembleia das Nações Unidas da resolução que condenou a invasão russa da Ucrânia.