Académico Filipe Zau substitui Jomo Fortunato no Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente. Jomo Fortunado foi exonerado por João Lourenço na semana passada. Críticos dizem que falta um projeto claro para o ministério.
Analistas ouvidos pela DW África entendem que o perfil do novo titular do superministério se encaixaria melhor no setor da educação. Filipe Zau é investigador em Ciências da Educação, além de atuar como professor, autor e compositor.
No mundo da música, já lançou alguns álbuns como “Luanda, Lua e Mulher” e “Encanto de um Mar que eu Canto”. Já na pedagogia, publicou o livro “Educação em Angola: Novos Trilhos de Desenvolvimento”.
Antes da sua nomeação, Filipe Zau era reitor da Universidade Independente de Angola e também estava na presidência da Associação das Instituições de Ensino Superior.
“Pela sua dimensão, Filipe Zau deveria, sim, estar mais para o setor da educação do que cultura, embora ele próprio seja compositor e tenha publicado obras científicas. Ainda assim, é a educação que pesa no seu percurso”, opina o jornalista Salgueiro Vicente, que salienta o currículo do novo ministro.
A mesma opinião é compartilhada pelo jornalista Ilídio Manuel: “Ele encaixar-se-ia melhor no Ministério da Educação, uma vez que ele sempre esteve ligado a esse setor”, argumenta.
“Não sabem escrever”
Zau é conhecido pela sua frontalidade e honestidade na abordagem dos assuntos. Em entrevista recente à Televisão Pública de Angola (TPA), o ministro gerou polémica ao declarar que, em Angola, “há professores que não sabem escrever”.
“Já que se quer colocar um académico de reconhecida competência para [comandar] o setor da cultura, turismo e ambiente, que haja essa junção do Ministério da Educação com o da Cultura. [Melhor] deixar o Turismo com o Ambiente”, sugere Vicente.
Enquanto isso é no cargo de ministro da Cultura, Turismo e Ambiente que Filipe Zau foi empossado na última sexta-feira (05.10).
“Rever sistema governativo”
Ilídio Manuel crê que Zau chegará de “paraquedas” nas questões do ambiente e turismo e que a troca estaria mais relacionada mesmo com “um preenchimento de lugar”.
“É preciso rever o próprio sistema governativo. O Presidente da República – que já ganhou a fama de ‘exonerador implacável’ – vai fazendo várias mexidas no seu Executivo. No espaço de escassos quatro anos, já terá mudado ali cinco ministros”, diz Manuel.
“Os ministros que já foram nomeados para este departamento ministerial são Carolina Cerqueira, Maria de Jesus, Adjany Costa, Jomo Fortunato e agora Filipe Zau”.
Quatro anos de governação do presidente João Lourenço, cinco ministros. O que terá falhado? Para Salgueiro Vicente, não há um plano diretor para o ministério e a cultura há muito que não cumpre com o seu verdadeiro papel.
“O que está a faltar na cultura angolana é exatamente um plano. O que é que o setor da cultura deve fazer? É isso que não está a acontecer. O que há no setor da cultura é a partidarização da instituição”, analisa o jornalista.