Os jovens que residem na comuna do Luremo e no sector de Cafunfo, região rica em diamantes, no município do Cuango, província da Lunda-Norte, convocaram para esta quinta-feira, 10 de Dezembro, uma manifestação que visa exigir melhores condições de vida dos munícipes, com maior enfoque para à problemática do emprego aos jovens.
Na carta endereçada às autoridades locais onde dão a conhecer a realização da pretensa “manifestação pacífica”, os subscritores “manifestam-se preocupados” com o que consideram ser “estado degradado” em que se encontra a estrada principal que liga a sede do município do Cuango, até à comuna do Luremo, passando pela vila diamantífera de Cafunfo, uma via considerada “fundamental para o transporte de pessoas e bens para diversas regiões da província e do país”.
No documento enviado à redacção do O Decreto, os jovens do Cuango, vão “exigir” igualmente durante a reivindicação que acontece no dia em que se assinala o Dia Mundial da Declaração da Carta dos Direitos Humanos, o esclarecimento sobre o paradeiro do dinheiro disponibilizado para a construção de projectos do Programa de intervenção nos Municípios (PIIM), o estancamento de ravinas que devastam o sector de Cafunfo.
Segundo os jovens, a população local “vive em condições sem o mínimo de saneamento básico, bem como dizem-se “preocupados” com a falta de condições de trabalho para os enfermeiros do Hospital Regional de Cafunfo, que na denuncia que fazem, os homens da seringa “estão há 46 meses sem os seus subsídios”.
“Somos jovens da sociedade civil de vários extractos sociais, cientes da nossa responsabilidade cívicas e sociais, dispostos a contribuir para a construção de um Estado democrático de Direito”, lê-se na carta que anuncia o protesto de rua, “ao abrigo da lei nº 02/91 de 11 de Maio, previsto no artigo 5º, conjugado com o artigo 47º da constituição da Republica de Angola, que versa sobre o direito de manifestação”.
“Reivindicaremos o fim de estradas de palha, que há 45 anos, nunca brilharam como diamantes”, afirmam para quem “o povo tem o direito de manifestar pacificamente para que haja vias de comunicação definitivas (asfalto), e não as que hoje estamos a testemunhar”.
No itinerário avançado pelos os organizadores, a concentração será no Largo 4 de Fevereiro (Tanque) às 9 horas, para a marcha que poderá passar pela rua principal da Agência Funerária, curvando à esquerda na avenida restaurante Muari Mutombo, seguindo o seu curso pela rua da agência Guicango com destino ao campo desportivo da “Rainha Muana-Cafunfo”.
Os manifestantes apelam, no entanto a intervenção da Polícia Nacional, no sentido de garantir a segurança de todos os envolvidos no “protesto pacífico”, garantindo que “todas as medidas de biossegurança impostas pelo executivo para prevenir à propagação da pandemia Covid-19 estão asseguradas”.
Administrador do Cuango tenta “travar” realização da manifestação dos jovens
Para “impedir” a realização da manifestação convocada pelos jovens de Cafunfo e Luremo, referem, o administrador municipal do Cuango, Guilherme Kangu manteve um encontro de “emergência” com um grupo de membros da sociedade civil, que teria recebido a garantia de que “já existem meios suficientes para começar com as obras da via que liga Cuango a Cafunfo e Luremo, até à fronteira com a República Democrática do Congo (RDC)”.
No encontro, os jovens “reiteraram que a manifestação visa ainda persuadir a empresa Sociedade Mineira do Cuango, que decidiu construir uma estrada apenas para a elite”, o que para os jovens “é discriminatório”, por isso, “querem impedir a circulação da estrada dos privilegiados”.
“Os jovens foram claros neste encontro, assumir todas as responsabilidades pela realização da manifestação, uma vez que é de âmbito nacional e a mesma está consagrada na Constituição da República de Angola, pois não há motivos de cancelar, porquanto já foi convocada publicamente”, disse a este portal, Salvador Fragoso, um dos representantes da sociedade civil.
No encontro com os jovens, o administrador municipal do Cuango, Guilherme Kangu, garantiu aos presentes “o município já tem kits de máquinas para reparar a via que liga a sede até ao Cafunfo”, por isso, pediu a juventude para se “manter calma”, tendo solicitado o cancelamento da manifestação, uma vez que, segundo o governante, “o pedido já está sendo atendido”, disse.
Para os membros da sociedade civil, os argumentos do administrador do Cuango, “não passam de falácias dos políticos da Lunda-Norte, que vivem a alimentar a população de falsas promessas ao longo anos”.
“Esperamos ver para crer, porque o governo de ontem é o mesmo de hoje e com as mesmas cores da bandeira, pelo que exigimos estrada”, disse Sawanuke Muachino.
O activista Carlos Luís Manuel, afirmou que “só poderá acreditar nos dirigentes do município do Cuango assim que forem vistas as máquinas, ou seja, estaleiro montado para o efeito e, se isto não acontecer vamos sair às ruas para manifestar a favor da estrada”.