Fonte ligada ao seu gabinete, confidenciou ao jornal OPAÍS que o actual líder deste partido vai concorrer à sua própria sucessão, durante o V congresso a realizar-se em Junho do ano em curso.
Apesar de vários protestos contra a sua liderança, de acordo com a fonte, Lucas Ngonda tem manifestado aos seus principais colaboradores a intenção de recandidatar-se para concluir um projecto ambicioso que tem para o partido, que consiste em “colocá-lo” como a segunda força política do país em 2027.
Segundo ainda a fonte, Ngonda acredita numa terceira reeleição a frente do partido, embora viva um consulado de “ amor e ódio” com os seus correligionários, devido à forma menos agradável como dirige o partido, que, durante os 10 anos da sua liderança, tem sido marcado por afastamento compulsivo dos seus contestatários.
Apesar da sua avançada idade, 81 anos, fazendo fé nas declarações da fonte, o abandono da política activa não faz parte das decisões de Lucas Ngonda, não obstante as contestações dos militantes contra o seu consulado subirem de tom, nos últimos tempos.
Segundo ainda a fonte, Ngonda diz ter muitos apoiantes que o querem ver ainda no partido, e os que contestam a sua liderança são militantes que sempre dividiram o partido para melhor reinarem, a quem chama de tribalistas e regionalistas.
Crise
Refira-se que, desde o ano passado, a crise na FNLA agudizou- se, desde a altura em que o seu presidente suspendeu do cargo o secretário-geral Pedro Mucumbi Dala por “ traição”, substituindo-o por Aguiar António Laurindo.
Mucumbi foi acusado em hasta pública de comandar um grupo de militantes contestatários que pretende(ia)m, supostamente, destituir Ngonda do cargo.
Inconformado com o seu afastamento compulsivo em contravenção aos estatutos do partido, defendeu-se dizendo que Ngonda tem medo dele, por ser um potencial candidato no próximo congresso ainda sem data marcada.
Pedro Macumbi, que foi um dos poucos “confidentes”, cuja função que exercia o colocava numa espécie de vice-presidente devido à vacatura não preenchida, tinha acusado Ngonda de ditador.
Desde aquela suspensão, deixou de ser o principal “delfim” e juntou-se a um grupo de militantes e quadros contestatários da liderança de Ngonda.
O grupo é constituído por antigos quadros seniores do partido com elevada bagagem política, em que despontam os académicos Carlinhos Zassala, Nsanda Wa Makumbu, Fernando Pedro Gomes, João Castro(Freedom) e João Nascimento.
Há ainda outros quadros e veteranos como o ex-vice-presidente Jorge Vunge Kiazembwa e o secretário-geral David Alberto Mavinga, saídos do congresso de Julho de 2010, mas que interromperam os seus mandatos por discordâncias com Ngonda.
Já com idades avançadas, o primeiro voltou à sua terra natal na província do Cuanza Norte, dedicando-se à agricultura de subsistência, enquanto o segundo, apesar de nascer no município de Belize, em Cabinda, é em Benguela onde vive há mais de 50 anos, e funcionário público reformado.