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Angola: Mais de mil delegados da UNITA iniciam “votação” para eleger presidente do partido

Mais de mil delegados da UNITA iniciam esta tarde a eleição do novo presidente do maior partido da oposição em Angola, lugar a que concorre apenas Adalberto da Costa Júnior, eleito no último congresso mas afastado pela justiça.

Adalberto da Costa Júnior foi eleito presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) no XIII Congresso, realizado em novembro de 2019, e afastado posteriormente na sequência de um acórdão do Tribunal Constitucional, que determinou a anulação deste congresso e a realização de um novo conclave, que se iniciou na quinta-feira.

No terceiro e último dia do XIII Congresso, cujo ponto alto é a eleição do novo presidente, a votação foi antecedida pela aprovação de um conjunto de resoluções e vários intervenções que levaram a votação, que estava prevista para as 10:30, a derrapar para o início da tarde.

Dos 1.150 delegados previstos, apenas 1.141 vão participar no ato eleitoral, pois nove estão suspensos.

Questionado sobre os motivos que levaram à suspensão de três membros da Comissão Política, depois de outros sete militantes terem sido suspensos, esta semana, o porta-voz do partido, Ruben Sicato, indicou que a decisão se deveu a razões de ordem disciplinar e que todos terão oportunidade de falar em sua defesa.

Sublinhou ainda que ninguém na UNITA, principal partido da oposição angolana, é “expulso por pensar diferente”.

“Aliás, estes nossos colegas, tanto do primeiro grupo como do segundo grupo, estiveram presentes quando se apresentou a proposta de resolução que iria, ou não, suspendê-los. Não é um delito de pensamento. Somos um partido que defende a democracia”, vincou o responsável.

No final, o partido poderá dar-lhes razão e reconhecer ter cometido uma injustiça ou decidir expulsar os militantes.

“O processo não acaba aqui, passa para o órgão de jurisdição, é onde eles estão e eles fazem a sua defesa. Se houver uma situação em que não se consigam defender ou surjam até questões mais complicadas podem ser expulsos, mas também o inverso pode acontecer, chegar-se à conclusão de que o que aconteceu com a suspensão foi um ato injusto”, afirmou Ruben Sicato.

Destacou também que a suspensão não tem qualquer interferência no ato eleitoral que se iniciou esta tarde e será acompanhado pela imprensa.

“É algo que acontece em todos os partidos do mundo, há sempre alguém que está em contramão com a disciplina do partido e aí há dois caminhos, ou o partido permite que isso continue e entramos em situação de anarquia e corre o risco de desaparecer ou então tem de impor ordem, algo que não é inédito na história do partido”, rematou.

A direção da UNITA suspendeu na quarta-feira três membros da Comissão Política, entre os quais José Pedro Katchiungo, que disputou a liderança do partido no congresso realizado em 2019, que elegeu Adalberto da Costa Júnior.

A decisão foi tomada na reunião estatutária que precede o XIII Congresso do partido do ‘Galo Negro’, agora dirigido por Isaías Samakuva, que esteve à frente da UNITA durante 16 anos e regressou na sequência do afastamento de Adalberto da Costa Júnior por força do acórdão do Tribunal Constitucional que anulou o congresso de 2019, dando razão a uma queixa de um grupo de militantes que alegaram irregularidades, entre as quais o facto de o candidato vencedor ter concorrido sem renunciar à nacionalidade portuguesa – algo que Costa Júnior sempre negou.

Katchiungo disputou a corrida eleitoral à UNITA em 2019, sendo o menos votado entre os restantes candidatos (Adalberto Costa Júnior, Alcides Sakala, Abilio Kamalata Numa, Raul Danda), recolhendo apenas 10 votos.

Na terça-feira, a UNITA tinha já decidido suspender preventivamente outros sete militantes que recorreram ao Tribunal Constitucional (TC) para inviabilizar a data do congresso.

Em causa está uma iniciativa de um grupo de militantes que pediram a impugnação do congresso junto da direção do partido do ‘Galo Negro’ e acionaram uma providência cautelar junto do TC, alegando que a marcação do conclave foi feita num clima de “intimidação”, o que a UNITA rejeitou.

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