Angola: Manifestantes voltam hoje às ruas de Luanda contra corrupção e impunidade em Angola

Luanda volta a ser hoje palco de um novo protesto, o terceiro em menos de 30 dias, desta vez para reivindicar um combate “sério e justo” contra a corrupção e a impunidade em Angola.

As duas tentativas de manifestação anteriores foram duramente reprimidas pela polícia, e acabaram com uma centena de manifestantes detidos, em 24 de outubro, libertados uma semana mais tarde, e um estudante morto em 11 de novembro, data da celebração da independência em Angola.

As circunstâncias em que o jovem morreu estão ainda por determinar, com testemunhas a afirmarem que Inocêncio de Matos, de 26 anos, foi baleado pela polícia, enquanto médicos do hospital Américo Boavida indicam que a causa da morte foi uma agressão com objeto contundente não especificado.

A polícia dispersou os jovens, nesse dia, com gás lacrimogéneo e canhões de água, mas garantiu não ter usado meios letais.

Os promotores da manifestação de hoje, os membros da sociedade civil angolana Laura Macedo, Helena Vitória Pereira, Fernando Macedo, Leandro Freire e Mwata Sebastião, divulgaram um cartaz com o ‘slogan’ “Angola Diz Basta!!!”.

O cartaz alusivo à iniciativa exorta os angolanos a “sair do Facebook e exigir justiça”, para dizerem “basta” à “falta de seriedade e transparência na luta contra a corrupção, manipulação da imprensa, mentiras e adiamentos das eleições autárquicas”.

A concentração está marcada para as 12:00 locais no Largo da Independência (1.º de maio) em Luanda e foi comunicada ao Governo Provincial de Luanda em 28 de setembro.

Os promotores da iniciativa escreveram também ao procurador-geral da República de Angola, pedindo a abertura de oito inquéritos para apurar a responsabilidade civil e criminal por enriquecimento ilícito de vários agentes públicos.

Entes os visados estão altos dirigentes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), como o antigo e o atual presidente angolanos José Eduardo dos Santos e João Lourenço, bem como homens fortes do anterior regime, já a ser investigados, como os generais Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” e Helder Vieira Dias “Kopelipa”, e Manuel Vicente, ex-vice-presidente do país e ex-presidente da Sonangol.

Esta semana a União Europeia expressou “preocupações” quanto ao respeito pelas liberdades e garantias, enquanto o Governo admitiu, pela primeira vez, ter havido eventuais excessos na atuação da polícia, mas imputou também interferências políticas e objetivos de tomada de poder aos manifestantes.

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