Segundo o Novo Jornal, Manuel Rabelais explicou, neste 4º dia de interrogatório, que a entrega das dezenas de imóveis de que era proprietário ocorreu após um processo de negociação com o SENRA da PGR.
O também antigo ministro da Comunicação Social e director da Rádio Nacional de Angola avançou esta informação ao tribunal após ter sido questionado pelos juízes sobre o porquê de ter negado junto do Ministério Público (MP) que tinha devolvido ao Estado vários imóveis em sua posse.
E negou as afirmações do representante do MP, segundo as quais terá tirado da esfera do Estado dinheiro para seu benefício pessoal e que agora devolveu.
“Não é isso. O que ocorreu foi uma negociação com o Serviço Nacional de Recuperação de Activos no âmbito da natureza deste serviços na qual chegamos a acordo”, disse o réu, sem explicar a diferença entre a devolução e o resultado da negociação.
Por insistência do Tribunal, tendo-lhe sido perguntado se terá então feito uma oferta ao Estado, Manuel Rabelais respondeu que não, salientando que tudo foi feito na base de um acordo de recuperação de bens.
Questionado porquê terá feito esse acordo, respondeu que foi com base num dispositivo legal desta instituição, mas não disse e não lhe foi questionado a natureza da razão para a entrega ao Estado dos referidos bens.
Manuel Rabelais reiterou ainda, na sessão de discussão e julgamento desta quarta-feira, que foram transferidos 15 milhões de euros para o exterior do País, em benefício do canal televisivo Euronews, das empresas de consultoria e comunicação BANCLAN, RABLAN e Zilford, estas últimas de que é um dos sócios, argumentando que foram para pagar serviços prestados ao GRECIMA.
O réu surpreendeu todos os que estavam na sala de Julgamento quando afirmou que, durante o tempo em que esteve a liderar o GRECIMA, nunca recebeu salário mas que beneficiou de formações de mestrado no exterior do País, assim como muitos jornalistas e líderes de opinião.
Manuel Rabelais disse também não se recordar, quando questionado pelo Tribunal, de qual era o seu ordenado mensal enquanto secretário para comunicação institucional da Presidência da República.
“O GRECIMA tinha apenas dois funcionários, um deles eu próprio. Os restantes eram colaboradores eventuais”, afirmou o réu.
Perguntando se o também o réu Hilário Santos terá movimentando valores do GRECIMA, Manuel Rabelais disse que não, afirmando que o seu assistente apenas cumpria ordens suas enquanto director.
Questionado se depois de extinto o GRECIMA o réu Hilário Santos extraviou documentos da instituição, Manuel Rabelais respondeu que não, tendo referido que as contas bancárias do GRECIMA foram bloqueadas antes mesmo de a instituição ser dissolvida pelo Presidente João Lourenço, em Outubro de 2017.
O antigo Ministro da Comunicação Social e director-geral da Rádio Nacional de Angola, que começou a ser julgado no dia 09, é acusado dos crimes de peculato, violação de normas de execução do plano e orçamento e branqueamento de capitais.
Nesta quarta-feira,16, o juiz presidente da causa Daniel Modesto, suspendeu a sessão de discussão e julgamento agendando a próxima sessão para o dia 08 de Fevereiro de 2021, ainda com o interrogatório a Manuel António Rabelais, naquele que será o último, segundo o tribunal.