A atriz Ana Carina dos Santos Vieira denuncia que foi da responsabilidade do extinto Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), na altura tutelada por Manuel Rabelais, agora réu no Tribunal Supremo, a realização da telenovela “Doce Pitanga”.
Segundo a atriz, a produção da “Doce Pitanga” acarretou altos níveis de facturação com gravações feitas no país e no exterior. “Imaginem que foi gravada em Angola no ano 2008/ 2009 e no mesmo ano a TPA mandou actores brasileiros e angolanos, gravar no Brasil a novela “Minha Terra Minha Mãe”, revelou, acrescentando que “para o espanto de todos, a telenovela gravada em Angola custou duas vezes mais que a novela gravada no Brasil”, disse.
“Doce Pitanga” – telenovela que parou Manuel Rabelais
Para Ana Carina, a gestão do dossier “Doce Pitanga” foi um dos projectos que trouxe o problema ao senhor Manuel Rabelais. “Tudo começou a partir daí”, afirmou a actriz, referindo-se que “como é possível uma novela produzida em Angola, ser mais cara que uma produzida no Rio de Janeiro, onde actores estiveram hospedados num apart hotel de boas referências, cuja gravação foi feita em estúdios que a Record usa”.
Carina frisou que, para além dos salários base auferidos em Angola, os actores tinham igualmente a ajuda de custo muito alto. “A telenovela Minha Terra Minha Mãe teve melhor qualidade de imagem do que a novela Doce Pitanga”, disse.
O problema, de acordo com Ana Carina dos Santos Vieira, “consiste na falta de fiscalização, no amiguismo e compadrio, principalmente no abafar casos”. “Aquele era o tempo em que o salário do actor na folha era um, porém nos gabinetes era outro”, revelou.
Ana Carina desafiou os actores em Angola a mostrarem as suas folhas de salário, pois segundo ainda a actriz, houve uma altura em que a TPA não pagava salário aos actores, facto que obrigou a mesma a fazer greve, até que a Televisão Pública de Angola pagou os salários no Brasil.
“Perguntem mesmo bem vão vos dizer que a greve começou com uma senhora chamada Ana Carina Dos Santos Vieira, que não aceitou falta de respeito sendo que saiu de Angola para trabalhar e não recebia salário em Angola, sendo que os salários dos brasileiros saiam de Angola e as ajudas de custo também”, disse.
Protesto Ana Carina Dos Santos Vieira
A actriz lembrou que, quando decidiu colocar em marcha o protesto de greve, a produção da telenovela “ficou atrapalhada na altura durante duas semanas”, tempo que durou a greve.
“Os outros colegas também aderiram à mesma greve e passados duas semanas não tínhamos os salários de Agosto, Setembro, Outubro e Novembro pagos”, contou.
A actriz Ana Carina Dos Santos Vieira sustentou que nunca foi funcionária da Televisão Pública de Angola (TPA) por conta dos protestos que fazia quando se deparava com “injustiças diante dos actores”.
“Por causa dessa atitude de enfrentar a TPA eu nunca fui admitida como funcionária da estação pública, sendo que fui chamada duas vezes para assinar contrato e os mesmos nunca apareceram”, desabafou Carina Santos.