Em tarde dedicada à cultura em Luanda, o Presidente da República português visitou a livraria do escritor angolano Ondjaki e aproveitou para comprar livros, apesar de um problema com um terminal de multibanco que não deu tréguas.
“Como é que este senhor se chama? Marcelo Rebelo de Sousa. E qual é o nome dele cá em Angola? Tio Celito”. O diálogo foi entre Ondjaki e um rapaz, que estava desejoso de conhecer Marcelo Rebelo de Sousa, que dedicou uma boa parte da tarde para visitar a livraria do escritor angolano.
“Já vamos fazer as ‘selfies’ todas”, mas primeiro o Presidente da República foi comprar livros. Ou pelo menos tentar.
Marcelo percorreu a livraria, entre gargalhadas “aconselhou” o sócio de Ondjaki de que abrir uma editora com um escritor era receita para o desastre, e foi escolhendo um livro aqui, outro ali.
Pausou e disse à rapaziada que o acompanhava de um lado para o outro para escolherem um livro cada um.
“Faz o desconto de Presidente”, disse Ondjaki a uma colega. Questionado pelos jornalistas sobre quanto era este desconto, o escrito respondeu que era de 25%.
O “desconto Tio Celito” também é aplicável ao Presidente da República de Angola, João Lourenço, mas para o antigo chefe de Estado angolano era “de 36%”, uma referência às quase quatro décadas de José Eduardo dos Santos na Presidência do país.
O Presidente português colocou os livros que escolheu no balcão, insistiu em pagar, apesar de o escritor dizer constantemente que não era necessário, e tentou utilizar o multibanco. Tentou uma vez, tentou outra e ainda mais uma. Sem sucesso.
“O Presidente tem muita experiência, gosta de sair para ir ao multibanco. Nós aqui não espreitamos, esteja à vontade”, ironizou Ondjaki.
Mas o terminal de pagamento automático não funcionou, por mais tentativas feitas pelo chefe de Estado. Um problema com a rede era a hipótese mais correta, mas o escritor, continuando na brincadeira com o Presidente português, disse que era porque os colegas queriam ficar com Marcelo só para eles e estavam a impedir a transação.
Ou, disse um pouco depois, porque em Portugal “está sem Orçamento do Estado”.
Depois de vários minutos, tentativas e alternativas de pagamento, os livros estavam comprados e Marcelo foi falar sobre cultura e juventude, rodeado de crianças e em ambiente intimista.
Deste encontro ficou a promessa de um regresso, desta vez com o Presidente de Angola, para usufruir do mesmo desconto que Marcelo Rebelo de Sousa.
E ainda houve tempo para celebrar os 44 anos do escritor com um bolo de ginguba (amendoim).
“Queremos bolo, queremos bolo”, disse o Presidente da República e perante a insistência o bolo veio.
Neste espaço cultural estavam também presentes várias promessas do cinema angolano, entre os quais Fradique, realizador do filme premiado “Ar Condicionado”, assim como da produtora angolana Geração 80.
Depois desta visita, Marcelo Rebelo de Sousa também fez uma paragem na embaixada portuguesa em Luanda para conhecer a exposição “BOANDA – Cruzamentos artísticos entre Portugal e Angola 2020/2021″.