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Angola: Membros da sociedade civil na “Frente Patriótica Unida (FPU)” serão conhecidos no momento oportuno

Coordenador da Frente Patriótica Unida Abel Chivukuvuku afirma que inclusão da sociedade civil está em curso. Mas as críticas sobem de tom: “A alternância poderá obviamente ser vista num binóculo”, adverte Donito Carlos.

Em Angola, a Frente Patriótica Unida (FPU) está a ser criticada pela alegada falta de participação da sociedade civil neste que prometeu ser um “amplo movimento democrático” aquando da sua fundação. Os seus órgãos de direção foram empossados na segunda-feira (09.05) e estão compostos apenas por membros da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), do Bloco Democrático (BD) e do projeto político PRA-JA Servir Angola.

Paulo Lukamba Gato, político do Galo Negro, é o diretor nacional da campanha eleitoral e tem como adjuntos Álvaro Chikwamanga Daniel, secretário-geral da UNITA, Américo Chivukuvuku (PRA-JA) e Muata Sebastião, secretário-geral do Bloco Democrático (BD). Nuno Dala, ativista e membro da coordenação do PRA-JA Servir Angola, é o diretor nacional de pesquisa, sondagens e análise da FPU.

Apenas duas figuras apartidárias da sociedade civil poderão ainda desempenhar funções nos órgãos de direção desta organização política, mas esses nomes ainda não são conhecidos.

“Os partidos políticos sempre olharam para a sociedade civil como elementos meros para a política que se prezem. Num país como este, infelizmente, ainda estamos aquém da equidade, da igualdade…”, critica Donito Carlos, professor e historiador

“Espero que a FPU, a sua coordenação, possa refletir, refazer esta composição de órgãos ou então a inclusão de membros da sociedade civil, para que de facto, incluam pessoas sérias nestes órgãos aqui apresentados”, comenta.

Donito Carlos alerta que sem a sociedade civil o processo da alternância política poderá fracassar. “Não se faz alternância sem a sociedade civil. Não ter pessoas da sociedade civil nos diferentes órgãos que aqui foram apresentados significa que, de facto, a alternância poderá obviamente ser vista num binóculo. É necessário que se inclua como urgência essas personalidades”, adverte.

Promessa incumprida?

Desde a sua criação, no ano passado, os coordenadores da Frente Patriótica Unida (FPU) – Adalberto Costa Júnior (presidente da UNITA), Abel Chivukuvuku e Filomeno Vieira Lopes – prometiam a participação da sociedade civil neste “amplo movimento democrático para alternância do poder político em Angola”.

Kambolo Tiaka-Tiaka, coordenador da Plataforma Cazenga em Ação (PLACA), espera que a FPU apresente um projeto de Nação, apesar da “alergia” em convidar membros da sociedade civil para os órgãos de direção.

“Quando se fala da coordenação nacional, citou-se alguns nomes. Mas nenhum dos citados são membros da sociedade civil. E o mestre de cerimónia disse que há dois espaços na coordenação geral para serem preenchidos por figuras da sociedade civil. A pergunta é: por que é que até agora ainda não se encontrou pessoas para representarem a sociedade civil na FPU? Qual é o grande problema e qual é o grande receio que tem?”, referiu.

Em declarações à DW África, o coordenador adjunto da Frente Patriótica Unida Abel Chivukuvuku disse que o assunto está ser tratado nas equipas técnicas.

Chivukuvuku afirma que os representantes da sociedade civil na FPU serão conhecidos no “momento oportuno”. “As equipas técnicas sabem sobre os números. Para nós, o mais importante é que fazem parte. Já estão contactados, já sabemos quem são e no momento próprio faremos a publicidade e informaremos”, frisou.

Por outro lado, segundo fontes nos órgãos de direção da FPU, as personalidades a serem indicadas para integrar esta plataforma devem atender aos seguintes requisitos: percurso e reputação no ativismo ou na sociedade civil; interesse na vida política; entre outros.

Os representantes da sociedade civil também devem ser aceites pelos três líderes da FPU.

 

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