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Angola: Mortes por malária causam “indignação” na província de Cabinda

Num curto espaço de tempo, 18 crianças e dois adultos morreram de malária na comuna de Tando Zinze. Críticos acusam o Governo de negligência por se concentrar apenas no combate à Covid-19 e esquecer outras doenças.

O responsável da saúde no enclave angolano de Cabinda, Rúben Buco, disse que, entre as vítimas mortais, 12 pessoas não receberam qualquer assistência hospitalar.

“Morreram fora da alçada da nossa assistência”, declarou.

A comuna de Tando Zinze, no município sede, fica a 40 quilómetros da cidade de Cabinda. O Governo anunciou o envio de uma comissão multidisciplinar constituída por médicos cubanos, peritos de saúde pública e da rede laboratorial para aferir a situação.

Doenças esquecidas?

“A malária é a principal causa de morte em Angola. Em 2020, 16 mil pessoas morreram por malária em Angola, de acordo com os últimos dados disponíveis da Organização Mundial de Saúde. Em todo o mundo, é o quinto país com o maior número de casos, com 8,2 milhões de infetados”.

Mas os críticos acusam o Governo de se focar apenas no combate à Covid-19, esquecendo outras doenças. Os profissionais de saúde dizem que há poucos medicamentos para tratar a população, em especial nos serviços de pediatria.

Para o sociólogo Paulo Londa, as mortes por malária são o resultado da “negligência e falta de vontade política” do Governo.

“É inadmissível que no nosso país ainda existam pessoas a morrer de malária”, afirma Londa em entrevista à DW África.

Aprender com os erros

João Conde, advogado e especialista em questões sociais, diz que as mortes revelam a incapacidade do Governo em reduzir a mortalidade infantil. Por isso, está expectante em relação ao inquérito da comissão multidisciplinar sobre o caso de Tando Zinze. É preciso que situações do género “não voltem a acontecer”, sublinha.

“Isto é muito triste. Traz um grande recuo à província de Cabinda e a Angola em geral. E vai em contramão dos onze compromissos da criança, que Angola assinou.”

Os 11 compromissos, adotados pelo Governo angolano há mais de uma década, estabelecem que as crianças são uma “prioridade absoluta” e traçam metas para reduzir a mortalidade infantil e garantir o acesso à saúde, comida, educação e proteção social.

Rúben Buco, o responsável da saúde em Cabinda, rejeita a acusação de que as autoridades não estão preocupadas com o combate à malária.

“Não estamos só preocupados com a Covid-19, preocupam-nos também outras endemias, como é o caso da tuberculose, HIV-SIDA e outras doenças crónicas”, diz Buco.

 

 

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