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Angola: Novos Começos “emprego, trabalho e esquemas (Parte I)”

A vida é feita de começos. Todos os dias são novos começos. Para mim não poderia ser diferente. Enquanto Investigador Académico, trago comigo alguns sonhos, manias e três intensas paixões: pesquisas, investigação e literatura. Ambas conectadas.

Percebi que tudo o que começo, por mais diferente que seja, sempre acaba por se encontrar em algumas dessas vertentes. Naturalmente a literatura precisa de ser mais alimentada nos dias de hoje.

Estou aqui a escrever de começos para evidenciar esse novo começo na rubrica “SobOlhar D´Edgar Leandro”. Vou partilhar as novas Ideias Construídas através das mãos de um Operário Intelectual, para se mexer, assim como o meu corpo. Vamos investigar, pesquisar e trazer ou ler com os nossos objectivos e criações, de mãos dadas com o Vanguarda.

Há duas semanas, ao ler uma das mensagens que recebi pelo WhatsApp, fiquei a saber que foi promovida uma reunião entre empresários franceses e angolanos. Lembro de algumas críticas e de não haver nenhuma proposta racional de projecto por parte dos angolanos. Um deles, dizia a mensagem, queria era vender um terreno. Curioso em mais uma aventura criativa, decidi partilhar o assunto com o Operário Intelectual, que me disse: Lembro-me também de ter visto naquele programa da TPA cuja discussão é levada a cabo por mulheres. Salvo erro o nome é “Política no feminino”. E no meio da conversa uma das senhoras o que disse muitas vezes bastante empolgada foi que era preciso fazer parcerias.

Pois bem. Vejamos: Referir a necessidade de fazer «parcerias» não significa que haja vontade de trabalhar. Ninguém fala em trabalho. Impressionante. Há uns anos atrás, uma empresa da qual temos as referências, que trabalhava na área da formação nos petróleos, foi constituída por uma parceria entre portugueses (2 ou 3 salvo erro) e um angolano. Os portugueses investiram, o angolano “fez a parceria”. Passado o tempo legal, o angolano vendeu a parte dele aos portugueses, por alguns milhões de dólares e foi viver para Portugal, mais propriamente para o Conselho de Sines. Uma terra que faz recordar a linda cidade de Moçâmedes.

Foram tempos em que arquitectos portugueses faziam “os esquemas para determinados dirigentes angolanos”. Parceria e esquemas. E o trabalho?! Onde está (va)?

Por volta de 2015 fomos visitar o prédio da Sonangol, ali na baixa. Fomos ao 7º andar, um andar muito amplo e com estrutura em Open Space. Coisa gigantesca. Praticamente não havia ninguém sentado nas mesas de secretárias. Havia uma senhora sentada na mesa de secretária com a Bíblia aberta. Era o “trabalho” dela. Tinha um emprego, mas não trabalhava.

Lia e aproveitava as horas em que estava no seu posto, para ler, não para trabalhar. Ligada as “instâncias superiores” tinha-se comprometido em dar uma volta a determinados estatutos. Não conseguia, pediu ajuda ao Operário Intelectual para o fazer. Foi depois muito felicitada pelo responsável das “instâncias superiores”. Provavelmente teve uma promoção “política”. O Operário Intelectual trabalhou e ela tinha um emprego.

Durante muito tempo verificou-se que existiam “verdadeiras empresas” em Portugal que faziam os trabalhos para os alunos Universitários em Luanda e Lisboa. Os estudantes angolanos não trabalhavam. Passeavam, andavam nas discotecas, curtiam a vida. Claro que há honrosas excepções. Em 2011 uma conhecida figura do mundo do desporto Angolano perguntou ao Operário Intelectual quanto custava arranjar uma Licenciatura em Portugal. Não é difícil tornar-se “gago” com tal pergunta. Verdade é que a figura matriculou-se numa Universidade de Luanda e com a ajuda de determinado docente, conseguiu ter a Licenciatura, sem nunca se ter esforçado, trabalhado.

Os formuladores de políticas de emprego deveriam periodicamente conferir os seus rumos para verificar se eles continuam no seu curso. Quase uma década se passou e não é conhecido um plano abrangente para a reforma do mercado de trabalho, a conhecida Estratégia de Empregos.

*Edgar Leandro é Investigador Associado do Observatório Político Português, Embaixador da Rome Business School, Coordenador Especial para Angola da Associação Internacional de Comunicadores de Negócios (IABC), Coordenador Nacional para Angola da IAPSS (Associação Internacional para Estudantes de Ciência Política); Mestre em Marketing Político, Doctor of Business Administration (honoris causa), Commonwealth University. É co-autor de dois manuais escolares: 1) “O Agronegócio ” e, 2) “Inovação e Sustentabilidade ”.

*Carlos Barracho nasceu no Lobito em 1954. É licenciado em Psicologia Clínica e em Psicologia Social e das Organizações pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) de Lisboa. Fez um DEA em Ciências da Comunicação e Informação na Universidade Louis Pasteur de Estrasburgo (França), onde se doutorou em Psicologia Social.

Posteriormente fez um DEA e doutorou-se em Ciência Política na Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). Foi professor na Academia da Força Aérea Portuguesa, no Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), na Universidade Autónoma de Lisboa, Coordenador da Licenciatura de Psicologia e da Unidade de Investigação de Psicologia no Instituto Piaget (Almada), Professor do MBA na Faculdade de Gestão da Universidade Nova de Lisboa, Director do Departamento de Psicologia da Universidade Lusíada do Porto e Coordenador da Licenciatura de Psicologia, na Universidade Lusíada de Lisboa, onde lecciona na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais e na Faculdade de Economia e Ciências da Empresa. É autor e co-autor de vários livros, publicados em Portugal, Espanha e Angola e de diversos artigos publicados em revistas científicas.

Edgar Leandro e Carlos Barracho

Vanguarda 

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